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2006-01-13
A interferência da Justiça, que resultou na retirada de duas usinas hidrelétricas do leilão de energia nova, realizada em dezembro passado, vai custar aos consumidores cerca de R$ 190 milhões, em valores de hoje, segundo estimativa do diretor-geral da Aneel, Jerson Kelman.

Ele disse hoje que a ausência das usinas de Dardanelos (261 MW), no Mato Grosso, e Mauá (361 MW) no Paraná, elevou o custo da energia no leilão, já que, ao invés de contratar energia hidrelétrica (mais barata), as distribuidoras tiveram que comprar a energia térmica (mais cara), que era a disponível para o suprimento do mercado.

Segundo cálculos feitos pelo diretor-geral da Aneel, a substituição da energia que poderia ser fornecida pela usina de Dardanelos por energia térmica teria custado R$ 82 milhões aos consumidores, e de Mauá, R$ 108 milhões, considerando o preço médio da energia hídrica e térmica vendidas no leilão.

Ele destacou que, sob o ponto de vista puramente ambiental, não faria sentido trocar a energia hidrelétrica pela energia a óleo.

“É preciso escolher entre o menor mal”, disse Kelman, ao comentar que a escolha entre a construção das usinas hidrelétricas e térmicas deve ser feito avaliando os impactos locais do empreendimento, mas também sob o efeito econômico.

Apesar da crítica às dificuldades ambientais na liberação de empreendimentos hidrelétricos, o diretor-geral da Aneel destacou que o sistema elétrico não deve ser baseado somente em energia hídrica.

Isso porque, segundo ele, o custo de manter empreendimentos térmicos como margem de segurança no sistema, para que sejam utilizados apenas em caso de necessidade, pode ser inferior ao de uma hidrelétrica.

Das 17 hidrelétricas que o governo pretendia leiloar em dezembro de 2005, apenas sete puderam entrar no leilão, seja pela ausência de licença ambiental no prazo previsto ou por decisões liminares da Justiça. Com isso, a oferta de energia hidrelétrica nova (em novos empreendimentos) caiu de aproximadamente 2,8 mil MW para cerca de 800 MW.

Ao todo, foram contratados no leilão 3.286 MW médios para fornecimento a partir de 2008, 2009 e 2010.

Energia térmica cara reforça argumentos pró-Angra 3, diz Aneel
O alto preço da energia térmica cujos contratos foram fechados no último leilão, em dezembro, reforçaram os argumentos dos defensores da construção da usina Angra 3, até então engavetada pelo governo.

O diretor-geral da Aneel, Jerson Kelman, disse hoje que após o resultado do leilão, que chegou-se a contratar energia térmica a R$ 139 por MW/h, ficaram mais fortes os argumentos sobre a viabilidade econômica da construção da terceira unidade nuclear de geração de energia no País.

Segundo ele, estudos recentes sobre a usina projetam uma tarifa de R$ 140 por MW/h, se não forem considerados os investimentos passados na aquisição de equipamentos para a nova unidade.

Kelman, que tem voto no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) como representante das universidades, disse que os estudos precisam ser analisados a cada mudança de cenário. No ano passado, enquanto ainda estava à frente do Ministério de Minas e Energia, a ministra Dilma Rousseff, firmou posição contra o projeto por causa do alto preço da energia.

Já o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, retirou o processo da pauta do CNPE para elaborar um parecer favorável à construção da usina, em apoio à posição do Ministério de Ciência e Tecnologia. Na atual composição do ministério, o assunto ainda não voltou à pauta do conselho.

A construção da usina poderá ter sua viabilidade novamente avaliada pelo governo no momento em que os contratos de energia térmica (mais cara que a hidrelétrica) passam a figurar como alternativa mais freqüente para garantir o abastecimento de energia, já que algumas usinas hidrelétricas encontram dificuldade de liberação ambiental.

Se sair do papel, a usina terá uma potência instalada de 1.350 MW. (Folha Online, 12/01)

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