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2006-01-13
A paisagem de Tapejara, no norte do Estado, começou a mudar no início do mês. Em função dos constantes casos de alergia respiratória e de pele na cidade, a prefeitura iniciou a derrubada de 577 exemplares de Ligustrum japonicum , árvore exótica conhecida como ligustro.

Plantados há 30 anos, eles seriam os responsáveis pelas doenças. Até março, todos serão substituídos por 11 espécies. No município, não há levantamentos oficiais do número de pessoas atendidas com alergias, mas o aumento nos casos nos últimos meses fez com que a Secretaria de Saúde pedisse o corte imediato. A retirada das árvores já estava prevista no plano ambiental aprovado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente, mas em função das reclamações o projeto foi antecipado.

- Chegamos a ter de cinco pedidos por dia para derrubada ou poda da árvore. As pessoas reclamavam muito que tinham problemas-, disse o secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Altemir Abido.

Responsável pelo projeto, a engenheira florestal Jovânia Calegari ressaltou que no lugar das 577 cortadas serão plantadas 611 árvores:

- É um incremento da biodiversidade enorme. Vamos substituir uma espécie exótica por 11 nativas.-

O som das motosserras agradou à maioria da população, que reclamava das alergias. Para a tecnóloga têxtil Andréia Slavieiro, 26 anos, a derrubada é um alívio. Com dificuldade de respiração por causa de uma rinite alérgica, sentia muita dor de cabeça. Fez exames e descobriu que a árvore plantada próxima à janela de sua casa era responsável pelos problemas. Hoje, toma medicamentos pela alergia.

- Essa árvore é horrível. Tinha por toda parte, ainda bem que estão cortando-, comemorou.

A iniciativa da administração municipal divide a população
Outra satisfeita com a ação da prefeitura é a professora Reni Canali, 59 anos, que teve de tratar uma doença respiratória:

- Vai melhorar. Eu muitas vezes nem conseguia caminhar na cidade.-

Nem todos concordam com a medida. O comerciante Gilberto Zanini, 42 anos, ficou revoltado porque duas árvores em frente à sua casa foram cortadas no verão.

- Podiam ter esperado mais um pouco. Essas árvores foram plantadas pelo meu pai há 23 anos e faziam uma sombra boa. Simplesmente chegaram e cortaram sem perguntar para a população-, reclamou.

Médicos divergem
Há pelo menos 10 anos, o médico clínico-geral Demétrio Valdívia vem atribuindo o alto número de casos de alergia em Tapejara ao ligustro.

- Comecei a atender muitas pessoas com ardência no nariz, coriza, secreção nasal e espirradeira. Quando começava a investigar, descobria que as pessoas tinham as árvores em casa-, afirmou o médico, que atendia no posto de saúde.

Dois médicos alergistas de Passo Fundo consultados por Zero Hora divergem sobre a tese de que o ligustro seja responsável por todos os casos de alergia na cidade da região. Conforme a Maria Sônia Dal Bello, a planta realmente solta grande quantidade de pólen da época da floração, mas os maiores vilões na região são as lavouras de aveia, trigo, azevém e cevada, cujo pólen propaga em até 400 quilômetros pelo ar.

- Essas plantas têm um pólen leve, que passa pela narina e fica na mucosa nasal, provocando coceiras, espirros e coriza. Não é só o ligustro que causa a alergia-, afirmou.

As substitutas
Espécies que serão plantadas:
Araçá-amarelo
Cerejeira
Chau-chau
Goiabeira-serrana
Ingá
Ipê-amarelo
Ipê-roxo
Ipê-ouro
Pitangueira
Quaresmeira
Sibipiruna
(ZH, 13/01)

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