Egito proíbe passagem de porta-aviões francês que vai à Índia para ser desmontado
2006-01-13
O governo egípcio negou a passagem, no canal de Suez, ao porta-aviões francês Clemenceau, que se dirige à Índia para ser desmantelado, pois o navio “não tem documentação formal”. Segundo denúncia do grupo ecológico Greenpeace, o desmonte do barco deixará na Índia toneladas de material tóxico, especialmente amianto, chumbo, mercúrio e policloreto de vinil (PVC).
O porta-voz do Greenpeace no Cairo, Martin Besieux, assinalou que as autoridades egípcias enviaram às francesas um fax em que consta a proibição da entrada do porta-aviões em águas territoriais do Egito.
"Decidimos proibir a entrada do Clemenceau em águas territoriais egípcias à espera de que nos enviem algum documento que certifique que não leva a bordo ou gere materiais tóxicos", assinala o governo egípcio, que assegura que, com esta decisão, “somente cumpre a Convenção de Bali”.
A viagem do barco está se convertendo em pesadelo, uma vez que as organizações ecologistas lançam protestos cada vez que se propõe o desmonte da embarcação. Diante da negativa, em 2003, de desmontá-lo em águas francesas, foi firmado, recentemente, um acordo com a Índia para que esse trabalho seja realizado nas praias de Alang.
O Greenpeace denunciou que esses trabalhos não apenas seriam perigosos para os que o executassem, mas para os que entrassem em contato com materiais tóxicos de que está constituído o navio. Além disto, haveria a geração de resíduos de grande toxicidade, que permaneceriam durante dezenas de anos nas águas da Índia.
Ontem, uma dezena de ativistas da organização ecologista deslocou-se até o porta-aviões para tentar impedir que ele prossiga a viagem rumo à Índia. Segundo um porta-voz das Forças Armadas francesas, este incidente não vai impedir que o barco continue sendo rebocado até o último porto onde deveria ir. "Este é um impasse que não mudará o rumo dos acontecimentos”, assinalou Jean-François Bureau. Os ativistas, a maioria franceses, abordaram o barco às 6h30min (hora de Londres), quando o mesmo se encontrava a umas "14 horas de navegação" da entrada norte do Canal de Suez. (El Mundo, 12/1)