Políticos portugueses protestam contra combustível a bordo de navio encalhado
2006-01-13
Os deputados do Partido Social Demoocrata (PSD) à Assembléia Legislativa dos Açores consideram "incompreensível" que o combustível a bordo do navio porta-contentores CP Valeur, encalhado há um mês na ilha do Faial, no mar português, ainda não tenha sido retirado. Num requerimento enviado ao presidente do Parlamento açoriano, os parlamentares sociais-democratas adiantam que o combustível e a nafta a bordo do cargueiro continuam a constituir uma ameaça para o ambiente.
"Incompreensivelmente, permanece no navio significativa quantidade de combustível, o que representa um potencial perigo em termos ambientais, turísticos e para os recursos marinhos e atividade piscícola", sublinham os parlamentares.
Os deputados, eleitos pelas ilhas do Faial, Pico e São Jorge, consideram também que este assunto poderá tornar-se "dramático" se as condições climáticas piorarem e as correntes marítimas se tornarem adversas.
O requerimento recorda que os sucessivos derramamentos de combustível decorrentes do encalhe do navio já provocaram poluição na orla costeira das ilhas do Faial, Pico e São Jorge.
Os deputados do PSD questionam o Executivo regional sobre o nível de contaminação ambiental que tais derramamentos já provocaram e poderão provocar no futuro nos habitats marinhos da região.
Atendendo aos impactos negativos que este desastre provoca no rendimento dos pescadores, uma vez que foi proibida a pesca naquela zona, os deputados do PSD perguntam também ao governo regional se encara a possibilidade de aprovar mecanismos compensatórios aos profissionais afetados.
Para o Grupo Parlamentar do PSD na Assembléia Legislativa dos Açores, a morosidade dos trabalhos de remoção do cargueiro (entre 8 a 12 meses), poderá ainda prejudicar a imagem turística desta zona da região.
O CP Valeur, com 180 metros de comprimento e 18 mil toneladas de peso, encalhou na costa norte do Faial quando se preparava para atracar.
O navio, que vinha de Montreal, no Canadá, e tinha como destino Valência, em Espanha, ficou preso, em 9 de dezembro, no areal da Praia do Norte, a apenas 80 metros da costa.
O armador fretou rebocadores para desencalhar o navio, barcos para retirar combustível e contentores, e helicópteros para retirar produtos perigosos que seguiam a bordo do porta-contentores, mas as operações de desencalhe revelaram-se infrutíferas.
O navio foi dado como perdido e será agora desmantelado, uma operação que irá demorar quase um ano. (Ecosfera, 11/1)