Índia diz que não aceitará limites de emissão
2006-01-13
A terceira maior economia da Ásia disse, na quinta-feira (12/1), que não aceitará cortes compulsórios na emissão de gases do efeito estufa como os impostos pelo Protocolo de Kyoto, mas espera que a expansão de seu setor nuclear impeça suas cidades de sufocarem por causa da poluição.
Em declarações dadas depois do primeiro encontro de um grupo de discussão sobre as mudanças climáticas criado por seis dos maiores poluidores do mundo, o ministro do Meio Ambiente da Índia, A. Raja, disse à Reuters que seu país aceitaria ajuda para reduzir as emissões, mas não seria obrigado a fazê-las.
O governo indiano assinou o Protocolo de Kyoto, que obriga cerca de 40 países desenvolvidos a, entre 2008 e 2012, cortar as emissões de gases do efeito estufa para 5,2% abaixo do nível registrado em 1990.
Mas a Índia, como a China e outros países em desenvolvimento, não foram obrigados a adotar metas de redução das emissões. O governo indiano também participa da Parceria Ásia Pacífico para o Desenvolvimento Limpo e o Clima, que se reuniu em Sydney, na Austrália, nesta semana. Integram a entidade ainda os EUA, o Japão, a Coréia do Sul, a China e a Austrália.
"Nem o Protocolo de Kyoto nem essa parceria pode estipular qualquer meta de corte nas emissões para o governo indiano", disse Raja em entrevista concedida à Reuters em Sydney.
Ministros do Meio Ambiente do mundo todo aprovaram, em dezembro de 2005, no Canadá, um projeto que prorrogaria o Protocolo de Kyoto para além de 2012 e lançaria novas negociações sobre formas de combater as mudanças climáticas, das quais participariam os EUA (que não assinaram o protocolo).
Mas Raja foi claro ao dizer que a Índia não aceitaria metas compulsórias para o corte das emissões.
"Somos países em desenvolvimento. Temos nossas agendas para nossas atividades de desenvolvimento, de forma que não podemos fazer promessas, assumir compromissos para reduzir ainda mais nossas emissões", afirmou.
A Índia depende basicamente do carvão para obter energia, mas possui cerca de 15 usinas nucleares e vê-se sob pressão para aumentar a oferta de energia a fim de atender a um processo rápido de industrialização.
"Acreditamos que a energia nuclear deveria ser usada na Índia para promover a redução de nossas emissões", disse o ministro.
Apesar de o país conviver com cidades bastante poluídas, a média de emissão de gás carbônico per capita é baixa -- menos de um quarto da média mundial e muitas vezes menor que a média dos EUA, o maior poluidor do mundo. (UOL, 12/1)