Pesquisador propõe educação ambiental para melhor divisão dos benefícios da biodiversidade
2006-01-12
Uma pesquisa que propõe ações de Educação Ambiental para mudar a posição do país no que diz respeito à valorização da biodiversidade e defender-se da biopirataria levanta questões importantes por tratar um tema urgente diante da realização da 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, que acontece entre os dias 13 e 31 de março de 2006, em Curitiba, Paraná.
Focando as questões relativas ao uso da biodiversidade, o estudante da área de Relações Internacionais, Peter Paiva Pitrez, da Universidade Nova Lisboa, apresentou no Iº Congresso Regional de Educação Ambiental para a Conservação do Cerrado, que aconteceu em novembro de 2004, em Quirinópolis, Goiás, trabalho que analisa como o Brasil, um país megadiverso, se insere na área internacional em relação a este tema. O trabalho apresentado também inova por trazer o tema para o campo da Educação Ambiental.
Segundo Pitrez, O Brasil não tem uma política de atuação internacional que faça justiça a sua riqueza e importância no campo da biodiversidade. Conforme constatou em sua pesquisa, a atuação do país nas negociações internacionais é frágil e tímida. Segundo o pesquisador, a biopirataria iniciou no Brasil com o descobrimento e perdura até hoje. A Convenção sobre Diversidade, que prevê a repartição justa e eqüitativa dos benefícios derivados da exploração da biodiversidade é desconhecido dos principais interessados, as populações tradicionais, e da sociedade como um todo. "O que se vê hoje são apenas diversas teorias e pouca prática, além de grandes perdas econômicas dos países megadiversos (paises ricos em biodiversidade) devido à retirada ilegal da biodiversidade ou da má utilização dos conhecimentos tradicionais das comunidades locais de tais países", afirma.
Pitrez propõe um trabalho de Educação Ambiental com as populações indígenas e comunidades locais para conscientizá-los sobre a importância de seus conhecimentos e recursos, orientação sobre como conduzir as relações com pesquisadores e sobre a necessidade de recursos para desenvolverem pesquisas e registros. Entre as ações estão palestras em escolas, trabalho com idosos e jovens para valorização do conhecimento tradicional.
O pesquisador explica que a valorização do conhecimento tradicional é fundamental para aos jovens dos países megadiversos, pois se não houver a manutenção destes conhecimentos a riqueza das comunidades tradicionais será perdida. Denuncia ainda que atualmente, pesquisadores japoneses, europeus e americanos vêem ao Cerrado e à Amazônia se apropriando do conhecimento tradicional enquanto a população brasileira não dá valor a riqueza que possui. Para mudar esta situação é que propõem as ações de Educação Ambiental.
Por Vivianne Amaral.
Saiba mais:
Peter Paiva Pitrez: pitr3z@gmail.com
Site oficial da 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica:
www.cdb.gov.br
www.biopirataria.org
www.cop8.org.br