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2006-01-12
O ano começou com a polêmica transferência do porta-aviões francês Clemenceu para o porto de Alang, no estado de Gujarat no Oeste da Índia. Toneladas de produtos altamente tóxicos, entre eles asbestos usados no isolamento térmico do navio formam um passivo que nenhum país da Europa quer. Desde 1997, quando foi desativado, autoridades francesas buscam um estaleiro para desmantelá-lo. Já esteve na Espanha, na Grécia e na Turquia, mas nenhum deles quis aceitar a carcaça. O governo de Nova Delhi aceitou, e até mandou prender uma dúzia de ambientalistas que ousaram protestar contra a operação na frente da embaixada francesa no dia 02/01 deste ano.

O embaixador da francês, Dominique Girard, garantiu aos ambientalistas que os materiais mais perigosos, como 115 toneladas de asbesto quebradiço, já haviam sido removidos. "O restante é fundamental para que o navio possa realizar sua última viagem para a Índia", justificou ele segundo a Planet Ark.

Atualmente o problema é indiano, mas bem que poderia ser brasileiro também. O Clemenceu é da mesma classe do porta-aviões São Paulo (antigo Foch), comprado da França em Agosto de 2000 por US$ 42 milhões. Os releases da Marinha publicados pela mídia garantem que o Foch foi descontaminado antes de ser entregue ao Brasil. Mas especialistas garantem que a remoção abrangeu apenas dois terços da nave e como trata-se de tecnologia militar nenhuma entidade consegue permissão para inspecionar o navio.

"No caso de reparo do porta-aviões São Paulo, precisamos ficar atentos e saber como se darão os procedimentos, para evitar o que aconteceu com o navio que presta serviços para a Petrobras, da Noble Co., cuja desamiantização, feita na base naval de Aratu na Bahia, ocorreu sob o maior sigilo e longe dos olhos das autoridades brasileiras da área de saúde, trabalho e meio ambiente", lembra a fiscal do Ministério do Trabalho, Fernanda Giannasi. Para ela o caso do Clemenceu é um exemplo do "duplo-padrão de segurança e saúde praticado pelos chamados países desenvolvidos". Por ano cerca de 700 navios são aposentados em todo mundo, sem o devido controle por autoridades da área ambiental ou de saúde.

A polêmica também traz à tona a caixa preta do setor naval, onde "interesses estratégicos" mantém as empresas, principalmente da área militar e de transporte de combustíveis e produtos químicos, intocáveis perante muitas normas internacionais de segurança e respeito ao meio ambiente. Como bem lembrou um texto do Jornal Cruzeiro do Sul de novembro de 2003, no oriente a situação é ainda mais nebulosa. "O grande porto russo de Vladivostok, no Pacífico, é um enorme cemitério de navios". (Com informações da Planet Ark 04/01/06)
Links:
www.jcsol.com.br/2003/11/09/09C401.php
www..copa.esp.br/agestado/nacional/2000/ago/24/248.htm

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