Governos pedem dinheiro a empresas para luta contra aquecimento climático
2006-01-12
O setor privado, e não os governos, devem assumir a liderança na luta contra o aquecimento global, afirmaram alguns dos países que mais contaminam o planeta na abertura em Sydney de uma conferência sobre mudanças climáticas. Ministros dos Estados Unidos, China, Índia, Japão, Coréia do Sul e Austrália se reúnem com os principais executivos das maiores companhias mineradoras e petroleiras para buscar meios tecnológicos modernos para fazer frente a esta questão.
"Chegou a hora do setor privado assumir a liderança da luta contra a emissão de gases que provocam o efeito estufa", destacou o ministro australiano da Energia, Ian MacFarlane, no começo da conferência. "O setor privado, as empresas, os proprietários de infra-estruturas terão finalmente de resolver o problema", frisou o secretário de Estado americano para a Energia, Samuel Bodman.
Esta conferência, que vai durar dois dias e acontece a portas fechadas, recomendará ao setor privado que destine vários milhões de dólares para o financiamento de programas para reduzir a poluição. Este será o princípio da Associação sobre o Desenvolvimento Limpo do Clima, fundada no último ano e integrada pelos Estados Unidos, Austrália, Índia, Japão e Coréia do Sul, assim como por dirigentes das grandes companhias mineradoras e de energia como a Exxon Mobil, Rio Tinto e Peabody Energy.
Os opositores afirmam que esta associação é uma forma de escapar às obrigações de limitar os gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento do clima, estipuladas no protocolo de Kyoto de 1997. A Austrália e os Estados Unidos se negaram a ratificar este protocolo, que entrou em vigor em fevereiro de 2005, e os países reunidos em Sydney não fixaram objetivos com cifras em termos de emissões de gases contaminados, contrariando Kyoto.
Os Estados Unidos representam mais de 25% das emissões de dióxido de carbono no mundo, enquanto a Austrália produz mais gás carbônico por habitante que qualquer outro país. "Todos os países membros querem que suas economias continuem crescendo. Mas todos têm responsabilidades ecológicas que também desejam assumir. O maior desafio consistirá em trabalhar com o setor privado e não somente com os governos", declarou o ministro australiano das Relações Exteriores, Alexander Downer. Cerca de 80 pessoas protestaram foram do hotel do centro de Sydney, onde é realizada a conferência e lançaram dióxido de carbono em uma foto do primeiro-ministro da Austrália, John Howard.(AFP, 11/01/06)