EUA e parceiros investirão em energia limpa, mas sem limitar emissões
2006-01-12
Seis dos países mais poluentes do mundo, liderados pelos Estados Unidos, devem criar um fundo multimilionário para encorajar os setores de mineração e de geração de energia a desenvolver e usar tecnologias de energia limpa a fim de combater as mudanças climáticas.
A Parceria Ásia Pacífico para o Desenvolvimento Limpo e o Clima, firmada por EUA, Austrália, Japão, China, Coréia do Sul e Índia, também contará com oito grupos de trabalho para o desenvolvimento de projetos de energia limpa. Desses grupos devem participar representantes da indústria e do comércio.
Juntos, os seis países respondem por metade dos gases do efeito estufa produzidos pelo mundo a partir da queima de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo. O encontro realizado por eles em Sydney é o primeiro da parceria criada recentemente.
O ministro das Relações Exteriores australiano, Alexander Downer, disse em uma entrevista concedida na quarta-feira (11/01) que seu país e os EUA anunciariam uma contribuição financeira para dar início às atividades do fundo. Os demais participantes da parceria também se comprometeriam a contribuir. "O setor privado e os governos devem se sentar juntos a fim de buscar soluções para alguns desses problemas", afirmou Downer.
Subvertendo Kyoto
Grupos ambientalistas disseram que os dois dias de negociação em Sydney são na verdade um esforço desses países de subverter o Protocolo de Kyoto, que os EUA e a Austrália não assinaram porque, segundo argumentam, os cortes obrigatórios nos níveis de emissão de gases do efeito estufa seriam prejudiciais a suas economias. Segundo os ambientalistas, se não houver metas de emissão a serem cumpridas, algo que o pacto de Sydney não prevê, os esforços de combate às mudanças climáticas fracassarão.
Na quarta-feira, houve manifestações na frente do local em que se realiza a conferência entre os seis países. "Falar não custa nada e o preço da omissão é alto", disse Catherine Fitzpatrick, porta-voz do grupo Greenpeace. "As impressões digitais, sujas e negras, da indústria do carvão podem ser vistas em todos os lugares desse pacto."
Cerca de 80 executivos de empresas de mineração e de geração de energia, entre as quais a BHP Billiton, a Exxon Mobil e a Rio Tinto, participaram das negociações na quarta-feira. Os seis países consignatários não revelaram quanto de dinheiro estaria disponível para custear o desenvolvimento de fontes limpas de energia. A Austrália deve contribuir com 75 milhões de dólares.(Reuters, 11/01/06)