Pará - Vírus desconhecido provoca cegueira
2006-01-11
Apesar dos números serem alarmantes, mais de 200 pessoas afetadas em dois meses, no Pará e Tocantins, a Secretaria Estadual de Saúde ainda não tem respostas para o surto de cegueira na área localizada às margens do Rio Araguaia, região Sul do Pará. A doença desconhecida chega com facilidade e as principais vítimas são as crianças. O que começa com fortes dores nos olhos pode progredir para perda parcial ou total da visão, em pouco tempo. Os primeiros casos aconteceram há três anos, mas só agora se intensificaram. Um trecho do rio chegou a ser interditado pelo Ministério da Saúde, mas as autoridade ainda não sabem o que fazer antes do diagnóstico preciso.
Até agora 12 pessoas apresentaram cegueira, porém mais de 200 já ficaram com a vista comprometida. As ocorrências foram em Araguatins (TO) e Marabá (PA). A maioria dos casos foi atendida em Tocantins e, no Pará, a Sespa registrou apenas 4 vítimas, números que não refletem a realidade já que muitos paraenses teriam sido atendidos no Estado vizinho.
As primeiras suspeitas dos pesquisadores recaem sobre um parasita encontrado no caramujo, animal comum na parte rasa do rio, mas de acordo com Bernardo Cardoso, coordenador estadual de endemias, “não existe ainda nenhum laudo oficial”. “Estamos com equipes da Sespa na área e viajarei na quarta-feira para verificar os casos”.
O coordenador diz que o Ministério da Saúde está atuando, através do patologista Mário Moraes, especialista em parasitas, e que os primeiros estudos apontam para a existência de um fungo denominado Emmonsia Crescens, causador da doença Adispiromicose, semelhante à conjuntivite.
“Poucos registros aconteceram no Pará e a situação já está controlada”, afirmou Cardoso. “Não tivemos mais vítimas desde dezembro e estamos acompanhando para evitar, na medida do possível, novas incidências”. O surto de cegueira está sendo investigado também pela Coordenação Regional da Sespa em Marabá, que tem informações mais completas sobre vítimas e os casos. No entanto, a diretora regional, de prenome Simone, falou com a equipe por telefone mas disse que só poderia fornecer informações através da Assessoria de Comunicação da Sespa. (Diário do Pará, 10/01)