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2006-01-11
Alguns dos 200 mil nova-iorquinos são donos de veículos que podem rodar à base de álcool feito com milho (etanol), em vez de gasolina. Mas muitos não têm idéia de que seus Ford Explorers, Chevy Impalas ou Nissan Titans podem usar este tipo de combustível, que alguns vêem como uma forma de libertar os americanos do petróleo do Oriente Médio.

De qualquer forma, a estação de abastecimento com etanol mais próxima fica em Ottawa, já que a mais remota região do nordeste dos Estados Unidos não oferece etanol de modo constante ao público. Mas o governador de Nova Iorque, George E. Pataki, quer mudar esta situação e tornar o etanol e o biodiesel, dois combustíveis alternativos controversos, disponíveis em 27 áreas de auto-serviço no seu Estado de Nova Iorque e em mais de cem estações por todo o Estado ainda no início deste ano, num primeiro pequeno passo rumo à redução do consumo de petróleo. O governador também propôs incentivos para trazer para o estado refinarias que produzam petróleo.

Os custos e mais detalhes do plano, que foram pela primeira vez mencionados por Pataki na semana passada (4/1), não serão discutidos até que ele faça sua proposta de orçamento, o que deve ocorrer até o final de janeiro. Se o plano for aprovado para a próxima legislatura, será dado aos nova-iorquinos o privilégio da maior diversidade de escolha em termos de combustíveis. Apenas o Estado de Minnesota oferece uma mistura de combustível rica em etanol, a qual é conhecida como E85, em mais de cem estações. Da mesma forma, o biodiesel é oferecido apenas a poucas centenas de estações , entre as 180 mil existentes no país.

Tanto o biodiesel quanto o etanol podem ser produzidos a partir de uma grande variedade de lavouras, árvores e plantas, e mesmo se pode usar graxa de rejeitos de fast food, no caso do biodiesel. O etanol, produzido a partir de cereais, já é misturado à gasolina vendida na região metropolitana de Nova Iorque, mas em quantidades de cerca de 10%. Em contrapartida, o E85, como o nome sugere, é feito com 85% de etanol.

Mas o uso do produto ainda não seduz o consumidor. Contudo, no Brasil, por exemplo, o etanol é um formidável competidor com a gasolina. O biodiesel pe mais comumente vendido como B20, uma mistura de 20% de biodiesel, sendo os demais 80% diesel convencional. Ao passo que o etanol cheira como destilado, um carro com biodiesle tem odor de batatas fritas, que sai de seu cano de descarga. Ambos os combustíveis têm seus asseclas e seus críticos. Willie Nelson, por exemplo, já está vendendo sua nova marca de B20, conhecida como BioWillie, a qual lançou como alternativa à dependência do petróleo do Oriente Médio.

O pplano de Pataki veio depois do choque com a elevação exagerada dos preços do petróleo e com a frustração dos produtores de carros por processarem o Estado da Califórnia, por ter adotado padrões de emissões para fontes de poluição móveis, visando ao controle dos gases de efeito estufa.

O plano do governador de Nova Iorque inclui ainda incetivos para ajudar na modificação de veículos híbridos elétricos, de forma que eles possam se beneficiar dos biocombustíveis, mas esta é uma prática desencorajada pela indústria de automóveis.

"Será que devemos nos sentar à mesa e esperar que Detroit faça essas coisas?", questinou Charles G. Fox, secretário de Pataki, que trata de questões de energia no Estado, em uma entrevista dada na sexta-feira (6/1). Segundo ele, o plano visa à promoção do uso de combustíveis alternativos que podem ser usados diretamente, e modo oposto à alternativa futurística do hidrogênio, por exemplo. O biodiesel pode fazer com que qualquer motor a diesel funcione, e vários milhões de carros e caminhões poderão utilizá-lo.

Peter Iwanowicz, diretor de saúde ambiental da Associação Americana de Pulmões de Nova Iorque, disse que os benefícios ambientais dos dois combustíveis são duvidosos. “O etanol aumenta a formação de ozônio, o que, obviamente, prejudica as pessoas com problemas de pulmão, e o biodiesel aumenta as emissões de óxidos de nitrogênio", afirmou. Mas uma grande variedade de pesquisas sugere que esses combustíveis podem ser ambientalmente benéficos, dependendo de como sejam produzidos.

Pataki tem sido criticado por promover o etanol porque é produzido a partir de milho cultivado em estados que inclui Iowa, que foi recentemente visitado para dar suporte à corrida presidencial. Mas mesmo os conselheiros do governador dizem que produzir etanol a partir de milho é uma má idéia, e eles preferem usar madeira ou certos tipos de vegetações rasteiras.

Os ambientalistas têm denunciado amplamente a produção de veículos movidos a etanol, chamando-os de carroças velhas, a serviço do lobby agrícola de Detroit. Quando os fabricantes de carros e caminhões fabricam veículos chamados flexíveis, que podem usar também o etanol, eles recebem créditos que tornam mais fácil atingir as metas de regulação econômica, dando-lhes em troca ainda mais sinal verde para fabricar os “bebedores de gasolina”. (NY Times, 7/1)

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