Rio - Além de gigogas, suspeita de algas tóxicas
2006-01-11
Como se não bastasse a invasão de gigogas, plantas aquáticas que se reproduzem no esgoto e tomaram conta de várias praias da cidade, ontem foi a vez de um trecho do mar da Barra amanhecer com a água esverdeada. Segundo o biólogo Mário Moscatelli, a coloração diferente do mar é um indicativo da presença de algas tóxicas que se reproduzem nas lagoas da região, entre elas a da Tijuca, e são levadas para a praia pela correnteza. Para confirmar se há mesmo Microcystis aeroginosa na Praia dos Amores e no trecho do Quebra-Mar, técnicos da Feema coletaram amostras da água para exames.
O resultado da análise da água, onde muitas crianças se divertiam ontem, deve ficar pronto até amanhã.
- Na presença de sol e de calor há uma explosão de algas, que são um sinal do desequilíbrio ambiental. Quando essas algas morrem, liberam a toxina microcistina, que pode causar problemas hepáticos. Hoje (8) havia crianças de colo na água, expostas às algas. Essa praia deveria ser interditada - defende Moscatelli.
A chefe da Divisão de Qualidade da Água da Feema, Fátima Soares, disse que, pela cor da água, parece que se trata mesmo da microcystis . Mas, segundo ela, não há motivo para pânico entre os banhistas:
- As pessoas não bebem água do mar, só quando se embolam na onda. Mas, nesse caso, a quantidade é pequena, não seria suficiente para fazer mal - diz Fátima.
Para a técnica da Feema, não é necessário interditar o trecho da praia afetado pelas algas, também conhecidas como cianobactérias e algas azuis (apesar de serem verdes, têm pigmentos desta cor):
- Aquele trecho em frente ao Quebra-Mar já é considerado impróprio para o banho.
Ontem, enquanto as algas avançavam em direção ao Quebra-Mar, o presidente da Serla, Ícaro Moreno, percorreu, com técnicos do órgão, a Lagoa da Tijuca para tentar resolver outro problema: a proliferação de gigogas. Desde que a Comlurb retirou, em novembro, a barreira que continha as plantas aquáticas na lagoa, elas têm ido em direção às praias. Na última semana, percorreram mais de 20km e incomodaram até quem pegava sol no Leme. Como a Comlurb acha mais fácil retirar as plantas das areias da praia e já avisou que não fará nova barreira, a Serla se comprometeu a realizar a limpeza da lagoa. Segundo Ícaro, até domingo a contenção estará pronta.
- Vamos fazer uma barreira provisória e devemos começar a remoção das gigogas da lagoa na próxima segunda-feira - anunciou.
Segundo Ícaro, a Serla deve usar um barco para retirar as plantas aquáticas. A Comlurb usava duas embarcações, mas alegou que elas não davam vazão ao volume de gigogas:
- Vamos usar um barco e 12 homens. Se não for suficiente, botamos mais.
A contenção com cabos de aço e garrafas PET será provisória. Depois a Serla fará um estudo para construir uma eco-barreira definitiva, nos moldes da usada atualmente em rios para barrar lixo.
- Vamos pôr a ecobarreira na área de reprodução das gigogas - disse Ícaro. (O Globo, 10/01)