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2006-01-10
O grupo ecológico Greenpeace e uma comunidade de “vizinhos” de Gualeguaychú, cidade da província de Entre Rios, na Argentina, estão mobilizando populações locais e do Uruguai, principalmente as localizadas em Fray Bentos, município próximo a Gualeguayachú, para impedir o funcionamento das plantas de celulose Botnia e Ence, sobre o Rio Uruguai, que abastece ambas as cidades. O caso já virou crise diplomática entre o Uruguai e a Argentina, que há poucos dias bloqueou uma estrada de acesso a regiões turísticas do Uruguai, em protesto.

O governo do Uruguai ratificou sua posição de seguir adiante com o projeto industrial, mas o governo argentino está receoso dos impactos ambientais que poderiam ser gerados com o projeto, e quer que as plantas sejam avaliadas por especialistas de ambos os países, conjuntamente, quanto aos seus impactos ambientais.

A discussão, que agora se torna aguda, não é de hoje nem de ontem. Há mais de três anos estão sendo feitas advertências quanto aos planos das chamadas “papeleiras” que as empresas Ence, da Espanha, e Botnia, da Finlândia, querem instalar no Uruguai, bem perto da província de Entre Rios. Organizações ambientalistas de ambos os países estão unindo-se, num forte movimento de oposição, e inclusive gerando estudos que mostram os impactos ambientais decorrentes das papeleiras, especialmente do lado argentino. Durante todo o tempo das discussões, os governos argentino e uruguaio esperavam que a polêmica esfriasse, apostando que as pessoas desistiriam de sua mobilização.

A representação do Greenpeace na Argentina considera fundamental a posição assumida pela chancelaria daquele país, segundo a qual deve ser adotada uma agenda comum, prioritária, entre Argentina e Uruguai, para gerenciar questões de poluição referentes ao Rio Uruguai, respeitando-se acordos bilaterais.

Uma das mobilizações mais intensas aconteceu no final de abril do ano passado, quando 40 mil pessoas abraçaram simbolicamente o rio, unido as partes da ponte que ligam Gualeguaychú a Fray Bentos, a poucos quilômetros onde estão sendo instaladas as plantas industriais.

Apesar de múltiplas promessas de modernização das fábricas, em termos de controle e tecnologias ambientais, as plantas que estão sendo propostas para instalação em Fray Bentos são as mesmas que, em toda parte do mundo, recebem questionamentos sobre seus impactos ambientais e são cada vez mais acuadas por legislações que impõem limites à contaminação.

Conforme o Greenpeace da Argentina, um dos principais problemas das plantas de ceulose e papel é o despejo de organoclorados nos rios e demais cursos d água. São compostos que afetam a vida aquática e se armazenam nos tecidos adiposos (gorduras) dos organismos, tendo efeito biocumulativo ao longo da cadeia alimentar. Em seres humanos, causam transtornos no sistema imunológico, nervoso e reprodutor. Entre os organoclorados identificados nos efluentes desse tipo de empresas, há numerosos compostos cancerígenos e mutagênicos.

O Greenpeace assinala que as plantas de celulose que pretendem se instalar em Fray Bentos representan o dobro da capacidade de produção atual de pasta de papel que a Argentina possui, pulverizada entre uma dezena de empresas. Isto significa alta concentração de contaminantes em Gualeguaychú, daí a necessidade de, conforme a ONG, de o governo argentino manter-se firme e exigir que o Uruguai cumpra o Estatuto do Rio Uruguai, o qual trata de questões de preservação. O Greenpeace também advoga que os governos de ambos os países requeiram instalações modernas, para que as empresas que se instalarem na região sejam ambientalmente sustentáveis.

O Greenpeace quer que as plantas adotem um plano de produção limpa, explorando florestas sustentáveis, operando com processos não tóxicos – com tecnologias livres de efluentes – e com o máximo de reciclagem de produtos de papel. Este plano inclui:

• Eliminação do cloro de branqueamento, pois o branqueamento é uma das partes mais prejudiciais do processo de produção do papel. A pasta pode ser branqueada com métodos que não empregam cloro — Totalmente Livres de Cloro o, TCF. Para isto, utilizam-se branqueadores à base de oxigênio, como peróxido de hidrogênio (água oxigenada), ozônio e oxigênio gasoso. Esta tecnologia totalmente livre de cloro é comprovadamente eficiente e economicamente possível.

• Estender o processo de cozimento e realizar o processo de deslignificação com oxigênio. Este é um pré-requisito imprescindível para fazer com que o processo possa ser totalmente livre de cloro. Com isto, são reduzidas as quantidades de lignina que ingressam nas etapas de branqueamento. Os resíduos da deslignificação com oxigênio podem ser reciclados.

• Eliminar totalmente os efluentes das plantas de pasta e papel. A eliminação do cloro e de seus subprodutos altamente corrosivos permite às papeleiras operar em sistemas Totalmente Livres de Efluentes. Ao tratar e reciclar os efluentes dentro do processo, é possível reduzir a quantidade de água empregada e eliminar as descargas tóxicas.

• Aumentar a porcentagem de papel reciclado e o conteúdo de papel reciclado pós-consumo nos papéis à venda. Dispor de medidas para que todo o papel descartado pelos órgãos públicos nacionais seja reciclado. Que o papel de impressão e escrita comprado pelo governo contenha pelo menos 20% de fibras recicladas pós-consumo após dois anos de iniciado o plano. Reduzir a demanda de papel branco. Favorecer a pesquisa e o desenvolvimento de tintas mais limpas, que permitam melhor reciclagem sem contaminação. Favorecer impositivamente que as empresas optem por fabricar papel de impressão com fibras pós-consumo. Recentemente, a cidade de Buenos Aires adotou uma lei denominada "Plano de Lixo Zero”, que eliminará a disposição final de elementos recicláveis como o papel.

• Estabelecer linhas de crédito brandas para a eliminação de efluentes das indústrias do setor e a promoção e o crescimento de empresas de produtos reciclados.

• Exigir a exploração sustentável dos recursos florestais. Na utilização de fibra virgem, esta deve provir de cultivos certificados, segundo os padrões do sistema de certificação florestal do Forest Stewardship Council (FSC). Esta certificação é uma condição para que se garantam critérios específicos de exploração sustentável de madeiras para ambos os países.

• Tanto as plantas industriais como a florestais devem estar sujeitas à aprovação das comunidades que se verão afetadas por tais empreendimentos e devem ser estudados seus impactos ambientais e socioeconômicos.
(Informações do Greenpeace)

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