Crescimento da China poderá ser fatal para o planeta, diz instituto norte-americano
2006-01-10
A continuação do ritmo atual de crescimento econômico da China poderá
ser fatal para o planeta se nem Pequim nem o resto do mundo alterarem
rapidamente o seu modelo de produção e consumo, advertiu Lester Brown,
presidente do Earth Policy Institute, organização independente de
investigação ambiental de Washington.
“A nossa civilização global está hoje num caminho que é ambientalmente
insustentável e que nos levará ao declínio econômico e eventual
colapso”, considera Lester Brown na apresentação, ontem, do seu novo
livro “Plan B 2.0: Rescuing a Planet Under Stress and a Civilization in
Trouble”.
Agora que a China tem eclipsado os Estados Unidos no consumo da maioria
dos recursos básicos (cereais, carne, aço e carvão, por exemplo), as
pessoas começam a ficar convencidas do declínio dos sistemas ambientais
que fornecem serviços, considera Brown no seu livro, apoiado pela
Lannan Foundation e pelas Nações Unidas.
A China consome 67 milhões de toneladas de carne, em comparação com os
39 milhões de toneladas dos Estados Unidos, e 258 milhões de toneladas
de aço (104 milhões nos Estados Unidos). Se a China tiver três carros para cada quatro pessoas, como nos Estados Unidos, terá um total de 1,1 bilhão de carros. O mundo tem, actualmente, 800 milhões de automóveis. O combustível necessário para alimentar o parque automóvel chinês chegaria aos 99 milhões de barris de petróleo por dia. Actualmente, o mundo produz 84 milhões de barris/dia.
Plano B
“O modelo econômico ocidental (baseado em combustíveis fósseis) não
serve para a China”, escreve Lester Brown. “E se não serve para a
China, também não serve para a Índia que, em 2031 terá uma população maior do que a da China”. “A China está nos ajudando a compreender que os dias da velha economia estão condenados”.
A solução, segundo Brown, é uma mudança para uma economia baseada nas
energias renováveis, reciclagem e reutilização, com um sistema de
transportes diversificado. É este, segundo o autor, o Plano B.
Brown vislumbra traços da nova economia nos parques eólicos da Europa
ocidental, nos telhados com painéis solares no Japão, na frota de
carros híbridos dos Estados Unidos, nas montanhas reflorestadas da Coreia do Sul e nas vias cicláveis de Amsterdam. “Virtualmente tudo o que
precisamos fazer para construir uma economia capaz de sustentar o
progresso econômico já está sendo feito em um ou outro país”, diz
Brown.
Mas é essencial “um esforço de cooperação mundial”, lembra o
especialista. “Isto significa erradicar a pobreza e estabilizar a
população”. Brown calcula que o Plano B está orçado em 161 bilhões de dólares (133 bilhões de euros). (Ecosfera, 06/01/06)