Eólica de Osório frustra expectativas: primeiro cata-vento ainda está no chão
2006-01-10
Caminhões carregados de equipamentos não param de chegar a Osório pelas rodovias BR-101 e BR-290, mas os engenheiros responsáveis pela construção da usina eólica local não aproveitaram a calmaria no regime dos ventos no litoral norte gaúcho da primeira semana de janeiro de 2006: 100 dias depois do início efetivo das obras, ainda não se ergueu nenhuma das 75 torres do empreendimento, frustrando a expectativa dos observadores que todo dia perscrutam o horizonte em busca dos sinais de que a Ventos do Sul empinou seu primeiro cata-vento.
Anéis de concreto empilhados ao redor das suas bases indicam que as primeiras quatro torres cilíndricas estão mais ou menos prontas para serem erguidas, mas até agora a obra não saiu do chão, a despeito da presença no canteiro construtivo de quatro guindastes — um deles, gigantesco, para 75 toneladas, importado da Alemanha e alugado por diárias salgadíssimas pela Zandoná, uma das cinquenta bandeiras que operam na montagem do primeiro parque eólico do Rio Grande do Sul. Nesse ritmo, os observadores duvidam de que possa ser cumprida a promessa de pôr o primeiro gerador a rodar no final de janeiro.
Enquanto nenhuma torre aparece no horizonte, as empreiteiras das obras de engenharia estão bastante adiantadas na construção das estradas de serviço do parque eólico. Também correm bem os trabalhos de construção das bases dos cata-ventos. O sistema de estaqueamento trazido da Europa é algo inédito por estas bandas: cada base é fixada ao chão por 32 pinos de concreto com profundidade variando de 13 a 26 metros. Depois que o bate-estaca conclui a perfuração do solo, uma sonda injeta concreto no buraco e enfia dentro dele uma senhora viga de ferro, tudo numa única operação simultânea. Além de suportar o peso das torres (800 toneladas), essa estrutura precisa agüentar a força dos ventos sobre as hélices.
Por Geraldo Hasse, direto de Osório para O Diário dos Ventos, série exclusiva do Ambiente Já e Jornal Já.