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2006-01-10
No Rio Grande do Sul, conforme a coordenadora da Coordenadoria de Fontes Alternativas da Secretaria de Energia, Minas e Comunicações, Jussara M. Leite Mattuella, o insumo mais propício para a geração de energia através da biomassa é a casca de arroz. A produção anual de casca de arroz no Estado é de 1,2 milhão de toneladas ao ano, o que torna o Rio Grande do Sul o maior produtor do Brasil. Para a geração de 1 MW de energia é necessário 1 mil toneladas do produto, cada MW instalado requer investimentos de R$ 1 milhão a R$ 2 milhões.

As fontes de recursos de biomassa podem ser dejetos de madeira (serragem), resíduos agrários (casca de arroz), plantações de açúcar, amido, herbáceas, oleaginosas (girassol), restos de palha da lavoura ou biogás proveniente da criação de gado ou suínos. Entre as vantagens da biomassa, Jussara cita o aproveitamento que pode ser feito diretamente, através da combustão em fornos ou caldeiras, não havendo grandes deslocamentos de matéria-prima. A representante da Secretaria de Energia, Minas e Comunicações acrescenta a possibilidade de emprego em comunidades isoladas da rede elétrica dotadas de boa produção agrícola como benefício do sistema. “A médio e longo prazo, a exaustão de fontes não-renováveis e as pressões ambientalistas determinarão maior incentivo aos sistemas de co-geração, como pode ser o caso de biomassas”, prevê Jussara.

Estima-se que, atualmente, a biomassa representa cerca de 14% de todo o consumo mundial de energia primária, um índice superior ao do carvão mineral e similar ao do gás natural. “Nos países em desenvolvimento, esta parcela aumenta para 34%, chegando a 60% na África”, informa Jussara. Os projetos de biomassa também podem se habilitar aos créditos de carbono devido ao controle das emissões de gás carbônico e enxofre.

Atualmente são oito usinas operando no Rio Grande do Sul com biomassa que têm, somadas, uma capacidade de geração de 19,2 MW (menos de 1% da demanda de energia do Estado). Os empreendimentos localizam-se em Encruzilhada do Sul, São Gabriel, Itaqui, Bagé, Guaíba, São Pedro do Sul, Piratini e Cambará. As matérias-primas utilizadas são casca de arroz, cavacos de madeira e celulose. Jussara calcula que mais nove centrais devem ser implantadas no Rio Grande do Sul neste ano. Entre os projetos mais avançados estão as termelétricas das empresas Josapar e Cooperativa Agroindustrial de Alegrete (Caal). A Josapar pretende construir uma usina de 6 MW em Itaqui e outra de 8,3 MW em Pelotas. A Caal planeja uma usina de 3,8 MW em Alegrete. Todos os empreendimentos serão abastecidos com casca de arroz. Jussara revela que as termelétricas já encontram-se na fase de certificação dos créditos de carbono.

Sobre o insucesso dos projetos gaúchos de biomassa no Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa), Jussara argumenta que os empreendedores não estavam preparados para realizar o envio da energia para a rede de distribuição. “O Estado apresenta um ótimo potencial para microcentrais à biomassa (de até 1 MW) pois a energia pode ser consumida no local de geração e diminui a necessidade de transporte de matéria-prima”, explica Jussara. (JC, 09/01)

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