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2006-01-09
Um original projeto de promoção agrícola no norte da Nigéria está ajudando muitos camponeses a sair da pobreza, apesar das adversidades climáticas e financeiras. Em lugar de pequenos empréstimos em dinheiro, o Plano de Promoção da Agricultura Sustentável no Estado de Borno (Prosab, sigla em inglês) entrega sementes e fertilizantes aos produtores mais pobres, que pagam com a venda de parte de sua colheita.

O projeto, financiado pela Agência Canadense para o Desenvolvimento Internacional (Cida), tem orçamento de US$ 5,4 milhões e é implementado há dois anos pelo Instituto Internacional de Agricultura Tropical (ITTA), com sede em Ibadan, capital do Estado nigeriano de Oyo. O Prosab, previsto para funcionar durante cinco anos, já conseguiu melhorar em grande parte a segurança alimentar no norte do país. A produtividade agrícola e a renda derivada dessa atividade aumentaram nos últimos anos, apesar do clima desfavorável, das más condições de fertilidade do solo e da "striga", uma erva parasita que destruiu plantações inteiras no Estado de Borno.

"A chegada do Prosab nos ajudou muito, porque nos ensinou como vencer a pobreza, a fome e as doenças. Agora, consigo o dobro do que podia produzir", disse a agricultora e conferencista Nancy Wakama. O IITA aplica o plano com a colaboração do Programa de Desenvolvimento Agrícola de Borno, da Universidade de Maiduguri (capital do Estado) e da organização não-governamental Pesquisa Comunitária para a Potencialização e o Desenvolvimento. O administrador do Prosab, Jan Helsen, disse que a prioridade é ajudar os agricultores de Borno, que enfrentam uma difícil situação por causa das chuvas erráticas, da pouca fertilidade do solo e das más políticas ambientais.

"O objetivo é melhorar a segurança alimentar e reduzir a degradação ambiental, impulsionar a agricultura sustentável com tecnologias e práticas administrativas melhoradas, garantir o acesso ao mercado, desenvolver uma boa política ambiental e potencializar a capacidade de produção", disse Helsen. A maioria dos estabelecimentos agrícolas do Estado planta milho e soja. Mais de dois mil agricultores em quatro distritos receberam sementes gratuitamente este ano. Aproximadamente 30 comunidades participam do projeto. O Prosab até agora demonstrou ser auto-sustentável.

Os agricultores produzem o suficiente para eles e para contribuir com o fundo comum, que é dividido entre os novos produtores que se unem ao programa a cada ano, no início da época de semeadura. A partir do segundo ano em que um agricultor é beneficiado, o ITTA reduz o número de sementes e fertilizantes grátis, e ao final dos dois anos retira por completo o empréstimo, "pois já é capaz de comprar sem depender de nós", explicou Lucky Omogui, pesquisador associado do projeto. Os cultivos aumentaram em todas as partes. Ndiherwa Ibrahim, moradora da aldeia de Marama, disse que colheu 26 sacas de milho em meio hectare de terra este ano. Antes do Prosab, ela produzia entre oito e 10 sacas.

Agora, Ibrahim é uma das principais promotoras da iniciativa. "O Prosab mudou minha vida. Eles me mostraram como fazer dinheiro, e agora estou ensinando outros agricultores. Se o Prosab acabasse hoje, poderíamos sustentar o projeto. Mas não quero que eles partam. São como um pai e uma mãe para nós", afirmou. Joshua Mshellia, professor aposentado que se beneficiou de um empréstimo de sementes por dois anos, destacou que o esquema de empréstimos do Prosab conseguiu persuadir os agricultores a plantar sementes de soja, que acrescentam nutrientes ao solo e reduzem a propagação da striga. "Se este método se estender a outras áreas arenosas, ajudará a aumentar a produção de alimentos, não só no norte da Nigéria, mas em todo o país", afirmou.

Por sua vez, Misanda Mohammed, chefe do distrito de Mirga, onde foi aplicado o projeto-piloto, disse que o Prosab tirou seu povo da pobreza. "Nossa gente é mais rica do que antes" afirmou. "Aprendemos muito com eles (os especialistas do IITA). Minha gente era muito sofrida antes da chegada do Prosab. Estou orgulhoso de dizer que agora todos conhecem o que o programa está fazendo", acrescentou. (IPS/Envolverde, 05/01/06)

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