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2006-01-09
Através do cálculo da quantidade de água que se utiliza para a produção de commodities (água virtual), pesquisadores do Núcleo de Estudos de População (Nepo), da Unicamp, podem entender melhor como funciona o comércio internacional entre os países que possuem escassez e os que possuem abundância de recursos hídricos. Trata-se de uma perspectiva inédita no gerenciamento de recursos hídricos que foi publicada no artigo Água Virtual: O Brasil como grande exportador de recursos hídricos, apresentado no XVI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, que aconteceu no final do ano passado em João Pessoa, na Paraíba.

A partir desse conceito, os pesquisadores sabem o quanto de água virtual os países exportam ou importam e encontrar maneiras sustentáveis da utilização deste recurso. Segundo Roberto Luiz do Carmo, pesquisador do Nepo, sociólogo e doutor em demografia, o Brasil é um grande exportador de água virtual através da soja e da carne bovina. Em média, cada quilo de soja exige dois mil litros de água para ser produzido. Já o quilo da carne bovina exige 43 mil litros de água. Neste cálculo entram não só a água consumida diretamente pelo animal, que varia de 50 a 60 litros por dia, mas também a água utilizada na produção da alimentação do gado.

Carmo lembra que o Brasil é o segundo maior país detentor de água doce do mundo, atrás somente do Canadá, e por isso é lógico que utilize economicamente este recurso. A questão levantada pelo sociólogo é sobre a sustentabilidade a médio e longo prazo desse processo. “A expansão da produção de soja na Amazônia, por exemplo, traz conseqüências tanto sociais como ambientais”, diz. Além do desmatamento, a expansão da soja pode comprometer as fontes de água doce e ainda desarticula os pequenos agricultores que são incorporados pelos grandes latifúndios e se vêem obrigados a ir para os centros urbanos.

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior indicam que a exportação de água virtual vem crescendo ao longo dos últimos anos. Em 2002, o país exportou 52,2 bilhões de metros cúbicos (m3) de água virtual, em 2003 foram 65,5 bilhões m3 e no ano seguinte este número subiu para 73,8 bilhões. A pesquisa aponta para o fato de que a agricultura consome 60% do total de água utilizada no país, mais do que o consumo industrial e doméstico juntos.

O Instituto para a Educação da Água da Unesco e o World Water Council alegam que a política de comércio de água virtual alivia a pressão sobre os países que possuem poucos recursos hídricos, mas este comércio deve vir acompanhado de uma política de conscientização para o uso de produtos que demandem uma quantidade menor de água.

O consumo de produtos que necessitam de muita água para sua produção é alto no mundo, como por exemplo, a soja e o arroz. Já os produtos como o milho e a batata, que necessitam de menos água para produção, são menos consumidos. Carmo argumenta que uma das saídas para um planejamento sustentável da utilização de recursos hídricos é a reestruturação do cardápio. A própria globalização traz aspectos negativos nesse sentido, “a disseminação da comida tipo fast food, baseada em hambúrguer e refrigerante (produtos que demandam muita água para a produção), não é boa do ponto de vista do gerenciamento dos recursos hídricos”, diz o pesquisador

Outra saída para a sustentabilidade é o planejamento da agricultura. Isso significa que a agroindústria não deve somente se preocupar com lucro a curto prazo, como é o caso das plantações de soja na Amazônia. A longo prazo as conseqüências são a escassez de recursos hídricos e a depredação da biodiversidade. Roberto Carmo afirma ainda que o Estado deve estabelecer um planejamento para uma exploração racional desses recursos.

A pesquisa levanta também a questão da segurança hídrica, que é o mínimo de água que cada cidadão precisa diariamente. A ONU estabelece que este mínimo é de 100 litros por dia, mas o consumo médio no mundo varia de 50 a 150 litros ao dia. Esse número, no entanto, é polêmico: “em uma cidade grande com água encanada é difícil fazer esse cálculo e em muitos casos o consumo de água diário supera os 150 litros”, diz o pesquisador. Além disso, o consumo varia de acordo com a disponibilidade de água de cada país.

A segunda etapa da pesquisa começa este ano e se divide em duas frentes: em um primeiro momento os pesquisadores vão estudar o destino da soja que é exportada e qual a implicação direta na eficiência dos recursos hídricos; a segunda parte é o estudo da plantação de eucaliptos no cerrado, região que possui pouca água. (ComCiência, 06/01)

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