Amazonas - O rio que faz a terra afundar
2006-01-09
O rio Amazonas sai da seca e volta a encher. Lentamente. Todo ano, as cheias do maior rio do mundo em volume de água fazem a camada rochosa que o sustenta e o cerca afundar quase 8 centímetros por causa do peso extra que elas criam.
Depois, quando o excesso de água se vai, a crosta terrestre volta ao nível anterior. Essa variação acaba de ser descrita em estudo publicado na Geophysical Research Letters, com a participação de Luiz Paulo Fortes, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e de Bruce Forsberg, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Coordenado por Douglas Alsdorf, geólogo da Universidade do Estado de Ohio, nos Estados Unidos, a pesquisa representa o primeiro registro de uma oscilação de massa terrestre em resposta à inundação de um rio. Com ela, abre-se agora a possibilidade de calcular a quantidade de água do Amazonas, já que se torna aparentemente possível pesar o rio com base na quantidade de rochas e terra que ele movimenta.
Por enquanto apenas se suspeita, sem grande precisão, que a quantidade de água do Amazonas que anualmente chega ao Atlântico seja dez vezes maior que a despejada pelo Mississipi, o maior rio dos Estados Unidos, no Golfo do México.
Pode se tornar mais fácil também estimar o estoque de água doce nos reservatórios subterrâneos, nos rios e lagos e nos glaciares, o que ajudaria a prever com mais precisão secas, enchentes e mudanças climáticas.
O artigo Seasonal fluctuations in the mass of the Amazon River system and Earth´s elastic response, publicado no número 16 de 2005 da revista Geophysical Research Letters, pode ser lido por assinantes no site www.www.agu.org/journals/gl (Agência FAPESP, 06/01)