Técnicos pesquisam matéria-prima para bioenergia
2006-01-05
Liderados pela Fepagro – Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária –, técnicos
de instituições da área científica estão articulando ações de pesquisa
agrícola para a produção de agroenergia no Estado. O grupo é composto por
representantes de 21 entidades, abrangendo desde as universidades e outros
centros de pesquisa até cooperativas e associações, além de sete estações
experimentais da fundação. Os cientistas já definiram as cinco culturas
estratégicas para o desenvolvimento de estudos gaúchos nos próximos anos: a
mamona, a canola, o girassol, a mandioca e a cana-de-açúcar. A iniciativa
está vinculada à Financiadora de Estudos e Projetos – Finep – e ao Governo do
Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do
Sul – Fapergs –, que projetam a aplicação de R$ 4,1 milhões para 2006 e 2007,
sendo que R$ 1,5 milhão destinado exclusivamente para a pesquisa agropecuária.
Segundo o coordenador do área agrícola do Projeto Estruturante de Agroenergia
para o Rio Grande do Sul, Nídio Antonio Barni, o objetivo do esforço conjunto
das instituições é testar as cinco culturas em diferentes localidades gaúchas
para elaborar as indicações técnicas de cultivo a cada uma das espécies,
incluindo as épocas de semeadura mais adequadas (zoneamento agrícola). Os
estudos também darão a base para recomendações de cultivares, adubação,
controle e manejo de pragas, doenças e plantas daninhas às culturas, entre
outros dados essenciais para os produtores rurais interessados na produção de
matéria-prima de biocombustíveis. Barni esclarece que a ênfase nessas culturas
foi determinada de acordo com o potencial previsto para o Estado, terceiro
maior produtor de oleaginosas, com uma produção de 1,4 milhão de toneladas de
óleo vegetal por ano. "A soja, uma das fontes para bioenergia, recebeu vários
investimentos em pesquisa ao longo de décadas, e o Rio Grande do Sul tem um
acúmulo de conhecimento razoável. Por isso, priorizamos a canola, o girassol
e a mamona. A produção dessas oleaginosas precisa de informações científicas
para, efetivamente, obter-se garantias sobre em que condições pode se ter
viabilidade nos investimentos", explica o coordenador. Já o aprimoramento de
estudos com cana-de-açúcar e a mandioca visa a incentivar a produção gaúcha de
álcool anidro.
Segundo o pesquisador, o Estado depende de outras regiões do Brasil para
suprir o mercado interno e, com isso, determina a saída de recursos na ordem
de um bilhão de reais por ano para o pagamento do produto e de impostos, como
ICMS, aos estados produtores. "Busca-se a auto-suficiência gaúcha na produção
de álcool, com a conseqüente geração de empregos e renda em toda a sua cadeia
produtiva", afirma Barni. A produção de combustíveis a partir de fontes
naturais renováveis é a solução pára contornar as limitações econômicas e
ambientais do uso de petróleo e derivados, cujas reservas das bacias
sedimentares são esgotáveis. Outros benefícios adicionais são o aumento da
renda no meio rural, geração de empregos, fortalecimento do agronegócio com a
venda de grãos, fixação do homem no campo e o acesso ao mercado de crédito de
carbono estabelecido pelo Protocolo de Kyoto. (JC, 04/01)