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2006-01-05
Pesquisadores e estudantes do campus da UNESP de São José do Rio Preto estão avaliando o estado de conservação de riachos da região Noroeste do Estado de São Paulo. Esses pequenos rios compõem as Unidades de Gerenciamento Hídrico das Bacias de São José dos Dourados e Turvo-Grande. As análises envolvem aspectos estruturais, como rochas que servem de abrigo aos peixes, físico-químicos, como oxigênio e sais na água, e biológicos, por exemplo, doenças dos animais.

De acordo com a bióloga Lilian Casatti, responsável pelo desenvolvimento do projeto no Departamento de Zoologia e Botânica do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce), a metodologia utilizada possibilita resultados mais precisos sobre o impacto ambiental no meio aquático e nas espécies que nele vivem.

Iniciado em 2003, o projeto envolve quatro alunos de pós-graduação e cinco de graduação e já promoveu amostragens em 95 pontos de coleta – 60 no Turvo-Grande e 35 no São José dos Dourados. “Não há registro de um levantamento tão grande em nossa região, que, apesar de sua influência no curso do Rio Paraná, é pouco considerada”, comenta a bióloga.

Uso sustentável
De acordo com os dados sobre estado de conservação e condições de vida oferecidas, os riachos são enquadrados nas categorias “bom”, “regular”, “pobre” ou “muito pobre”. “Uma localidade classificada como ‘muito pobre’ não oferece condições estruturais mínimas de qualidade de vida às espécies mais sensíveis”, salienta Lilian. O diagnóstico final será utilizado em iniciativas de recuperação e preservação ambiental e no uso sustentável da biodiversidade da região.

Na avaliação físico-química, são analisadas características da água e presença de substâncias que podem indicar a ocorrência de poluição e outras práticas agressivas aos cursos d’água. “Apesar de ter sido constatada a liberação de esgoto e fertilizantes em alguns trechos, 83% das localidades apresentam boas condições químicas”, diz Lilian.

Baseada na análise de dados que refletem a qualidade de vida das espécies aquáticas, como mata ciliar íntegra, a avaliação estrutural dos riachos obteve resultados críticos. “Comparadas à condição-referência, 67,4% das localidades foram classificadas como ‘pobres’; 11,6% como ‘muito pobres’; 20% como ‘regulares’. Somente 1% apresentou boas condições físicas”, esclarece a pesquisadora.

Dados preocupantes
Para Lilian, os resultados demonstram que o impacto na estrutura física desses riachos se mostra mais sério e acentuado que na sua composição química, exigindo medidas de recuperação ambiental, como desassoreamento e reparação da mata ciliar.

A pesquisadora explica que o comprometimento físico mais severo localiza-se no Alto Turvo, entre os municípios de Catanduva e Severínia, onde o cultivo de cana-de-açúcar é extenso. Estimativas do Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo, de 2005, indicam que a região do Turvo-Grande apresenta somente 4% da vegetação nativa, enquanto São José dos Dourados possui 3,3%. “O percentual é muito baixo”, analisa Lilian. “Toda propriedade rural deveria ter, por lei, 20% de sua área protegida como reserva legal.”

O projeto é financiado pelo Biota-Fapesp (Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo) e integra o SinBiota (Sistema de Informações Ambientais). Dados do projeto podem ser acessados no endereço http://sinbiota.cria.org.br/
(Jornal da Unesp, dezembro/2005 – http://www.unesp.br/aci/jornal/207/riacho.php)

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