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2006-01-05
O coordenador-geral do Programa Pantanal do Ministério do Meio Ambiente, Paulo Guilherme Cabral, admitiu ontem que a expansão da pecuária e do cultivo de soja é responsável pelo maior ritmo de desmatamento no Pantanal. Cabral afirmou, entretanto, que pedirá à organização não-governamental Conservação Internacional mais detalhes sobre o estudo que aponta o risco de desmatamento completo da região em 45 anos, caso seja mantido o atual ritmo de devastação.

— Com a perda de rentabilidade da pecuária de um modo geral, os proprietários tendem a aumentar a área útil de pastagem para aumentar o rebanho — disse o coordenador do programa.

Cobertura original foi reduzida em 17%
Divulgado ontem pelo GLOBO, o relatório mostra que já foram destruídos 17% da cobertura vegetal original da região apenas no lado brasileiro. Na Bacia do Alto Rio Paraguai, região maior onde o Pantanal está inserido, esse índice já é de 45%, segundo o estudo.

Cabral lembrou ainda que, diferentemente do que ocorre na Amazônia, agricultores e pecuaristas no Pantanal podem devastar até 80% de suas propriedades, salvo quando as terras ficam em áreas de preservação permanente. Na Amazônia, ocorre justamente o inverso: só podem ser desmatados 20% das áreas totais das propriedades.

Ainda assim, Cabral questionou a previsão de que a vegetação original do Pantanal poderá desaparecer nos próximos 45 anos. Segundo ele, as questões ambientais são complexas e suscetíveis a diferentes fatores que podem alterar qualquer previsão. Cabral citou a variação das cheias e secas, bem como do preço da soja e da carne.

Ele disse que o Ministério do Meio Ambiente não acompanha o desmatamento no Pantanal em tempo real, com imagens de satélites, como ocorre na Amazônia. Daí seu interesse em ver as imagens e os dados coletados pela ONG Conservação Internacional.

— O ministério conhece o problema, mas não tenho o levantamento com satélite — afirmou, ressalvando que é preciso cuidado para não confundir superfícies alagadas com áreas desmatadas.

Governo quer intensificar fiscalização
Cabral disse que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou em 2005 uma operação de fiscalização na bacia hidrográfica do Rio Alto Taquari. A idéia é intensificar esse tipo de atividade este ano, segundo ele. A operação deu lugar a um grupo permanente de trabalho.

O coordenador disse ainda que o governo federal não tem mais controle sobre as autorizações de desmatamento, pois a tarefa foi repassada aos governos estaduais em 2003. (O Globo, 04/01)

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