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2001-09-19
Por Sidney Grippi* No afã da crise energética Brasileira, um segmento corporativista tem aproveitado espaço concedido pela mídia, para explorar a nucleo-eletricidade como uma das soluções para a defasagem de oferta de energia elétrica existente no país. Certamente, nenhuma alternativa deve ser deixada de lado, pois este desequilíbrio entre a oferta e a demanda de energia elétrica no Brasil, equivale a meia usina de Itaipu (aproximadamente 6000 MW) para que as contingências emergenciais sejam abrandadas. Como conseguir 6000 MW para ontem? É preciso uma racionalização de pensamento, para que a sociedade não pense que uma usina nuclear do tipo pretendida (que disponibilizaria em nossa matriz energética não mais que 1300 MW) seja vista como solução para os equívocos energéticos Brasileiros. Nosso problema de crise energética se dá, porque 96% de nossa energia elétrica, pouco diversificada, provém de usinas hidroelétricas. Nesta mesma matriz, com as usinas termonucleares em operação (Angra 1 e 2) a contribuição energética pouco passa de 1%. Se Angra 3 já estivesse operando, esta contribuição não passaria dos 3%. Como visto, é um investimento alto, para pouco retorno em solução; e mesmo assim, se as três usinas termonucleares Brasileiras, estiverem operando a plena carga. Este potencial de 1300 MW, não é desprezível (mesmo se disponível daqui a 3 ou 4 anos após as obras de Angra 3) e não se trata de nenhuma frente contra esta forma de energia. No lobby desta oportunidade aberta pela crise energética, há que se considerar os interesses que estão por trás de um empreendimento de bilhões de reais onde, absurdamente, mais de 700 milhões de dólares, já estão enterrados. Portanto, construir um empreendimento desta magnitude significa: 1 - Atender ao lobby da indústria da construção, fomentado por políticos; 2 - Atender aos interesses de empresas internacionais, cujas matrizes, estão em países credores do sistema financeiro Brasileiro; 3 - Ir na contra-mão da tendência mundial, onde fala-se em buscar fontes energéticas limpas e sustentáveis que não apresentem risco tecnológico nem impacto ao meio ambiente. 4 - Persistir no erro, pois, o próprio pai atômico do Brasil, a Alemanha, já conta com uma capacidade instalada de energia eólica, maior do que a capacidade da usina nuclear que eles nos venderam há 20 anos atrás. O parque de energia eólica na Alemanha, já é de mais de 1500 MW, que foi conseguido substituindo-se gradativamente a energia nuclear por esta. Os EUA, cuja matriz energética consiste em nucleo-eletricidade e termeletricidade (a carvão), pretende até 2002, substituir 10% de sua matriz energética através do uso de energia eólica. 5 - O que é bom para os países ricos, não serve para os pobres; pois estes ajudam com seu poder econômico, os pobres a investirem no obsoleto, para que estes financiem sua economia com os juros e garantam para suas empresas, vínculos comerciais lucrativos, como a venda de know how, commodities e assistência técnica. Os ricos querem crescer, as custas dos pobres. O grande problema do programa nuclear Brasileiro, para fins pacíficos e visando a geração de energia elétrica, é que o mesmo encontra-se obsoleto. Se os prazos estivessem sido cumpridos, por conta dos equívocos de governos anteriores, talvez já tivéssemos aproximadamente, 3000 MW de oferta nucleo-elétrica em nossa matriz, o que de nada por si só resolveria, contra um déficit atual de 6000 MW. A força e intensidade para que o país retome investimentos na conclusão de Angra 3, deveriam ser canalizados na manutenção das instalações existentes, tornando-as operacionais e com resultados empresariais satisfatórios aos acionistas, mesmo que hoje, o investidor majoritário seja o próprio governo. O slogan de energia competitiva e viável para o Brasil, interessa a segmentos que querem tirar proveito do atual cenário energético e não se conformam em atuar com os ativos implementados, como é o caso das duas usinas nucleares e os demais empreendimentos do ciclo do combustível nuclear, quais sejam, prospecção, mineração e enriquecimento de urânio, conversão de pó em pastilha e montagem do elemento combustível, todas as etapas, levadas a cabo por uma estatal ligada ao ministério da ciência e tecnologia por intermédio da comissão nacional de energia nuclear. O enriquecimento de urânio, fase fundamental até chegar ao elemento combustível, não foi conseguido pelo programa nuclear civil Brasileiro, e hoje depende de convênios com entidades militares que, surpreendentemente, o conseguiram a sombra e secretamente ao projeto civil oficial do governo (para gerar eletricidade e não insumos militares). Energia nuclear não está em expansão no mundo como os lobistas querem assim vender. Querem equivocadamente, se comparar aos EUA, que precisam da energia nuclear mais para se protegerem do que propriamente dito gerar energia elétrica. Segundo o mais conceituado instituto de pesquisas ambientais do mundo, Worldwatch Institute, que edita periodicamente o Estado do Mundo, a taxa de crescimento da energia nuclear é a menor do mundo, 0,6% contra 25,7% para a energia eólica. Outro equívoco é vender ardilosamente, que a indústria nuclear pouco emiti gases formadores do efeito estufa, em contra partida, com tantos sistemas criogênicos necessários ao funcionamento de uma usina nuclear ou os demais empreendimentos do ciclo do elemento combustível, há de se esperar a emissão de gases que afetam a camada de ozônio. O lobby do menor efeito atmosférico, não é nada se comparado com o impacto ao solo, pois de todos os tipos de resíduos sólidos gerados, o resíduo nuclear é o mais complexo para ser gerenciado; e isso, ninguém se atreve a comentar, pois no Brasil, sequer existe um aterro para resíduos nucleares. Sidney Grippi*, especialista em planejamento e gerenciamento ambiental. E-mail: grippi@resenet.com.br

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