Vai recomeçar o debate sobre o carvão
2006-01-04
O uso do carvão mineral gaúcho para produção térmica de eletricidade,
apontado como solução para uma possível falta de energia elétrica e defendido
como fundamental para o desenvolvimento econômico da Metade Sul, não é tão
pacífico como parece quando os empresários comemoram a aprovação das usinas
nos leilões de energia do governo federal. Persiste em alguns setores o medo
da poluição gerada pelo uso do carvão. A Organização Não Governamental Amigos
da Terra, por exemplo, está coletando informações técnicas e legais junto a
Fundação de Proteção ao Meio Ambiente para deflagrar uma luta contra o
funcionamento das Usinas Candiota III e Jacuí I.
“Nós somos sempre contra o uso do carvão – explica Kathia Monteiro, da Amigos
da Terra -, mas Jacui I e Candiota III são dois absurdos. As máquinas que
estão lá para serem colocadas em funcionamento são da década de 80, obsoletas
quanto ao controle de emissões poluidoras, são ferro-velho, marias-fumaças.”
Os empreendedores garantem que farão adaptações que eliminarão a poluição e
mostram as vantagens de R$ 2 bilhões em investimentos e a criação de 1.600
empregos nas duas usinas. Kathia não acredita na eliminação da poluição. “É a
mesma coisa que pegar um Gol da década de 80 e querer transformar num Golf.
Qualquer motorista sabe que isso não existe”, conclui. (Danilo Ucha, JC,
04/01)