Manejo florestal evita ação do garimpo
2006-01-04
A mais de 600 quilômetros de Cuiabá, em meio à Floresta Amazônica, o governo federal instalou, em 1998, um assentamento de reforma agrária — o Vale do Amanhecer, no município mato-grossense de Juruena. A iniciativa, piloto até então, incluía a cessão de uma área de 14.400 hectares de floresta para a sobrevivência de 250 famílias. Mas controlar o local se mostrou tarefa difícil: a área foi invadida por garimpeiros e madeireiros. Contrariados, os agricultores se uniram para reivindicar que a área fosse protegida e que nela fosse implantado um projeto de manejo florestal comunitário. Em resposta a esse pedido, o PNUD agora ajuda os moradores a implementarem um programa que proteja a mata e gere renda por meio da exploração da madeira e de outros recursos naturais.
As casas do Vale do Amanhecer se distribuem por 7.200 hectares, divididos em lotes para cada família. Os 7.200 hectares restantes formam uma reserva coletiva. O projeto do PNUD, realizado com recursos do GEF (Fundo para o Meio Ambiente Mundial), visa trabalhar o manejo florestal nessas duas áreas.
A idéia começou a tomar corpo em maio de 2005, quando um grupo de técnicos do PNUD fez sua primeira visita ao local. “Antes de se começar qualquer coisa, era preciso descobrir primeiro como eles gostariam de usar a mata”, observa Iliana Salgado, consultora técnica do PNUD e responsável pelo manejo florestal do assentamento.
Os moradores decidiram criar uma Reserva Particular do Patrimônio Natural em uma faixa de 600 metros que acompanha o rio Juruena. Na restante da área coletiva, eles resolveram trabalhar com o manejo florestal não-madeireiro. Dessa maneira, a renda da comunidade não vai depender da derrubada das árvores, mas de produtos como sementes, castanhas, óleos e resinas. Já nos lotes familiares, uma serraria móvel vai aproveitar a madeira já derrubada para ser usada nos roçados.
Das 250 famílias do Vale do Amanhecer, 42 demonstraram interesse em utilizar a serraria móvel — 35 delas terão um representante no curso de capacitação sobre serragem que o PNUD vai oferecer. O uso do aparelho, no entanto, não é livre. Um conselho de moradores vai monitorar a atividade, para que ela siga regras estabelecidas nas reuniões — uma das regras determina, por exemplo, que na primeira vez que a serraria for usada, a madeira só poderá ser utilizada para obras dentro dos próprios lotes; apenas a partir da segunda vez os produtos madeireiros poderão ser vendidos.
“Esse trabalho vai trazer um benefício duplo para essas pessoas. De um lado, elas vão poder gerar renda para suas famílias. Do outro, elas ocupam a área, passam a ter controle sobre todo o território do assentamento e evitam assim a ação dos garimpeiros e dos extrativistas ilegais”, afirma Iliana.
(Informações do PNUD/PrimaPagina, 02/01/2006 -
http://www.pnud.org.br/meio_ambiente/reportagens/index.php?id01=1705&lay=mam)