O presidente Lula planeja, neste ano eleitoral, fazer mais em obras de infra-estrutura nas áreas de energia, rodovias e ferrovias do que nos seus três primeiros anos de governo. Com recursos de bancos estatais e fundos de pensão, o governo pretende montar seu portfólio de obras. O contra-ataque foi anunciado ontem pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, logo depois de reunião com o presidente, com ministros e técnicos da área de infra-estrutura, com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, e com presidentes dos três maiores fundos de pensão: Previ, Funcef e Petros. Juntos, eles somam investimentos e aplicações financeiras no valor de mais de R$ 110 bilhões. Só as duas hidrelétricas planejadas para o rio Madeira, em Rondônia (Jirau e Santo Antônio), vão custar cerca de R$ 20 bilhões e terão capacidade para gerar 4,24 mil megawatts, garantindo energia até 2010. Outras quatro hidrelétricas deverão ser instaladas no Sul e no Sudeste.
A Ferrovia Norte-Sul é mais um empreendimento considerado estratégico pelo governo. Em 2006, a obra, que hoje tem 215 quilômetros entre Açailândia e Aguiarnópolis, no Maranhão, será levada até Araguaína, no Tocantins. A intenção é vender a concessão para o serviço privado com lucro de 200 milhões de dólares. Incluindo a operação tapa-buracos nas rodovias federais, o canteiro de obras governamentais terá investimentos de mais de R$ 3,7 bilhões, não incluídas aí as obras do rio Madeira.
Dilma deixou claro que não está nos planos reassumir de forma definitiva as rodovias federais estadualizadas: “Aceitamos solucionar o problema das condições físicas dessas estradas, o que não significa que é inválida a transferência”. Concluída a restauração, os estados terão que assumir sua parte. Para garantir que darão contrapartida de 30%, explicou a ministra, as obras só serão executadas depois que as assembléias legislativas aprovarem os acordos que deverão ser fechados com a União. A ministra também reafirmou o início das obras emergenciais da operação tapa-buracos na segunda-feira, com recuperação de 26,5 mil quilômetros.
(CP, 04/01/2006)