Poços artesianos vão garantir água no interior do RS
2006-01-04
O primeiro poço artesiano, dos três que serão construídos em Santa Cruz do Sul, começou a ser perfurado ontem em Monte Alverne. A obra, solicitada há quase um ano, deve beneficiar pelo menos 300 famílias com a ampliação das redes de água.
A escavação com a perfuratriz cedida pelo governo do Estado deve ficar pronta hoje. Entretanto, não há garantias de que a água da região será de boa qualidade. De acordo com o geólogo da Companhia Rio-grandense de Saneamento (Corsan), Gilberto Bobsin, as características do terreno onde as máquinas estão operando são indicativo de que o lençol freático pode ter um alto nível de cloreto, o que resultaria em água salobre, inadequada para o consumo. Ele notou isso logo nas primeiras amostras de solo retiradas durante a escavação, que até por volta das 16 horas de ontem atingia 26 metros de profundidade. “Não é um bom sinal. Tem muita argila nessa região, o que indica possibilidade de sal”, disse ao analisar o material removido.
Mesmo assim os equipamentos continuaram operando até o final da tarde de ontem (3/1) e devem prosseguir na manhã de hoje (4/1). No momento em que for encontrada água devem ser realizados testes. Caso ela não seja de boa qualidade, os geólogos devem escolher outro ponto da região de Monte Alverne para a perfuração. O primeiro local foi indicado a partir de um mapeamento geológico com avaliação do solo e também da análise feita com fotografias aéreas.
O mesmo procedimento deve ser realizado em Paredão e Boa Vista, onde as redes não são suficientes para atender a todos os moradores. Segundo o secretário de Transportes e Serviços Públicos, Ari Schwerz, nessas duas regiões pelo menos mais 300 famílias devem ser atendidas. “Os poços vão resolver o problema de abastecimento, que se agravou mais a partir do ano passado”, destacou. Além disso, o crescimento populacional – estimado em 15% ao ano – e o conseqüente aumento de consumo dificultam o fornecimento.
As obras realizadas em Santa Cruz fazem parte do Programa de Açudes e Poços, gerenciado pela Seretaria de Obras Públicas do Estado. De acordo com o projeto encaminhado em março do ano passado o governo estadual ofereceria as máquinas e acompanhamento técnico, enquanto a Prefeitura entraria com o combustível e construção das redes hídricas. Se o trabalho fosse realizado por uma empresa particular teria custo entre R$ 12 e R$ 15 mil. Por meio do convênio entre Estado e município os custos são reduzidos.
A demora no envio dos equipamentos ocorreu devido à grande quantidade de pedidos nos demais municípios gaúchos. Foram mais de mil no decorrer de 2005. “Temos muitos poços para serem abertos”, ressaltou Bobsin. Para dar conta do recado, disse ele, foi necessário montar um cronograma de atendimento em todas as cidades gaúchas. (Gazeta do Sul, 4/1)