Neve e chuva castigam sobreviventes de terremoto no Paquistão
2006-01-03
Chuva e neve caíram na segunda-feira (02/01), pelo segundo dia consecutivo, sobre a região paquistanesa atingida por um grande terremoto em outubro, paralisando os vôos de grupos de ajuda e aumentando o sofrimento de milhões de sobreviventes que moram em abrigos precários.
Uma grande nevasca atingiu as regiões mais altas da área e a chuva encharcou os vales durante a noite, fazendo com que algumas barracas desabassem por conta de deslizamentos de terra. Mas, segundo as Forças Armadas do país, não houve registro de incidentes maiores.
"Não apareceram notícias desagradáveis no que diz respeito a qualquer acidente", disse o major Farooq Nasir, porta-voz os militares em Muzaffarabad (capital da Caxemira paquistanesa).
Condições desfavoráveis
No terremoto de 8 de outubro, mais de 73 mil pessoas foram mortas no norte paquistanês e mais cerca de 1.300 na Caxemira indiana. O departamento de meteorologia do Paquistão informou que algumas áreas da zona atingida, que vai da Caxemira paquistanesa à Província da Fronteira Noroeste, haviam recebido mais de 60 centímetros de neve.
Segundo Mohammad Aslam, do departamento, as previsões eram de chuva e nevascas pesadas até sábado. Mais de 2 milhões de pessoas ainda vivem acampadas em barracas e abrigos frágeis construído nos destroços de suas casas.
As condições climáticas desfavoráveis eram esperadas desde o começo de dezembro, mas demoraram para se instalar, permitindo que uma quantidade maior de abrigos, comida e remédios fosse entregue e armazenada nas montanhas.
A segunda-feira foi apenas o terceiro dia em que as operações de transporte aéreo, vitais na região de relevo irregular, foram suspensas devido às condições climáticas. Segundo autoridades, ainda não há motivo para pânico. "Em termos da operação como um todo, não se trata do fim do mundo", disse a chefe de logística da Organização das Nações Unidas (ONU) em Muzaffarabad, Natasha Hryckow.
Mas a neve e a chuva aumentaram o sofrimento dos que já perderam suas casas no terremoto de outubro. "Tudo está molhado", afirmou uma mulher em lágrimas, abraçando um de seus três filhos. "Isso é muito difícil para mim e para minhas crianças. Não podemos sobreviver nesta barraca." (Reuters 02/01/06)