França quer exportar navio com amianto para ser desmantelado na Índia
2006-01-03
Quatro associações, entre elas o grupo ecológico Greenpeace, fazem há dez meses um braço-de-ferro com o Estado francês para impedir que o navio porta-aviões francês “Clemenceau” seja desmantelado na Índia. No início desta semana, tentaram um último recurso judicial.
O antigo navio da Marinha francesa está actualmente atracado em Toulon, no Sul da França, e a sua partida para a Índia está prevista para os próximos dias. Envolvidos desde Fevereiro numa saga judicial contra o Estado francês, a Greenpeace e a Ban Asbestos (“Eliminar o Amianto”) apresentaram no final do ano um recurso no Tribunal Administrativo de Paris.
Na terça-feira (27/12), a Associação nacional de defesa das vítimas do amianto (Andeva) e o Comité anti-amianto Jussieu contestaram “a decisão do Estado francês de transferir o Clemenceau para a Índia e aí o desmantelar e retirar o amianto”, através de um recurso de urgência.
Para as organizações, a decisão francesa “viola as regras internacionais, européias e francesas sobre a exportação e gestão dos resíduos perigosos”. No seu estado actual, o “Clemenceau” é um “resíduo perigoso cuja exportação para um país que não é membro da OCDE está estritamente proibida”, salientaram as associações. Os ecologistas consideram que a Índia não tem condições para desmantelar o navio em segurança. Em serviço desde 1961, o porta-aviões foi substituído pelo navio a propulsão nuclear “Charles de Gaulle”.
O amianto foi amplamente utilizado graças às suas propriedades de excelente isolante contra o calor. O principal perigo da substância advém da sua inalação. (Ecosfera, 27/12)