Em Rio Pardinho, tem chuva todos os dias
2006-01-02
A chuva cai forte no começo da manhã e no fim da tarde na propriedade do agricultor Ênio Bartz, 61 anos, morador de Rio Pardinho. Produtor de repolho, tomate, alface, pimentão e beterraba ele utiliza irrigação por meio de aspersores para garantir produtividade. A técnica, adotada há 11 anos na sua lavoura, começou a ser utilizada com mais intensidade há dois meses, quando o volume de precipitações diminuiu.
Se não fosse isso Bartz e seu filho Clóvis, 32, não teriam condições de continuar abastecendo a banca que mantêm no hortoatacado. “Não chovia e então precisamos começar a irrigar”, justifica. Sem grandes reservas, a família usa a água acumulada num pequeno açude com dois metros de profundidade, mas teme que ele não seja suficiente para aguar as plantas por muito tempo.
Os 28 milímetros de precipitação, registrados na última quinta-feira (29/12), não foram suficientes para elevar o nível dos reservatórios na maioria das regiões do interior de Santa Cruz. Os agricultores continuam apreensivos quanto ao comportamento do tempo no decorrer dos próximos dias. No caso de Bartz, a água acumulada pode durar pouco mais de uma semana. “Está baixando muito rápido e se não chover mais, a situação pode ficar complicada”, afirmou.
O prejuízo direto da falta de umidade seria a redução na oferta de produtos. Por semana os agricultores colhem 3 mil pés de alface e centenas de quilos de legumes. “Por enquanto a qualidade ainda está boa, mas não sabemos até quando vai dar para manter assim”, frisou Clóvis. Ele teme que o milho cultivado para venda e alimentação do gado também seja prejudicado.
A irrigação das plantações de hortigrangeiros é apontada como a forma mais segura e prática para manter a produtividade das lavouras. Em Santa Cruz todos os fornecedores do hortoatacado utilizam essa técnica. De acordo com o técnico da Emater/RS-Ascar, Paulo Zampieri, o recurso deve continuar sendo aplicado por pelo menos mais dois meses. “No período de baixa umidade a irrigação é benéfica, pois mantém os produtos por mais tempo e garante ainda mais renda aos agricultores, que terão condições de abastecer o mercado numa época de oferta reduzida”, explicou.(Gazeta do Sul, 1º/01)