O Governo da Rússia desmentiu quinta-feira (29/12) as informações de que teria recebido uma resposta oficial de Teerã sobre sua proposta de enriquecer o urânio para as centrais atômicas iranianas em uma joint-venture localizada em território russo. "Não recebemos resposta iraniana", disse o porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores russo, Mikhail Kaminin, sobre informações divulgadas em meios de comunicação ocidentais apontando que a Rússia e o Irã podem ter estipulado o início de negociações sobre a proposta russa.

O Ministério da Defesa da Rússia negou que o suposto acordo para a realização das negociações tenha sido obtido em uma conversa telefônica entre o vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa russo, Serguei Ivanov, e o secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional iraniano, Ali Lariyani, como afirmam alguns veículos de comunicação. "O chefe do departamento militar não conversou por telefone - nem hoje nem nos últimos dias - com a parte iraniana sobre a criação de uma joint-venture de enriquecimento de urânio. Não houve conversas por telefone sobre o assunto", disse à agência Interfax um porta-voz do Ministério da Defesa russo.

Flexibilizando a posição

A proposta russa, que Moscou antecipou há algum tempo, mas que apresentou oficialmente a Teerã no final da semana passada, aponta para o avanço das negociações entre Irã e a troika européia, formada pela França, Alemanha e Reino Unido, sobre os planos do regime iraniano de obter capacidades nucleares.

Inicialmente, Teerã rejeitou a proposta russa, insistindo que a central de enriquecimento deve ficar em território iraniano. No entanto, nos últimos dias, o Irã expressou certa flexibilização em sua posição, manifestando a disposição de estudar a oferta russa.

Hoje, a França pediu ao Governo de Teerã que tome as "decisões necessárias" para relançar as negociações, nas quais a troika européia discute com o Irã para obter garantias do país de que seu programa nuclear não terá objetivos militares.

A Rússia tem ajudado Teerã a construir uma unidade atômica, para o que se comprometeu a fornecer combustível com a condição de que depois os resíduos sejam devolvidos. Enquanto isso, os Estados Unidos acusam o Irã de desenvolver um programa nuclear militar de forma secreta.(EFE 29/12/05)