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2005-12-30
Se há um lugar em que o velho dilema entre progresso e preservação ambiental se coloca à flor da pele, esse lugar chama-se Chapada das Mesas, região de aproximadamente 160 mil hectares no sul do Maranhão que abrange, principalmente, os municípios de Carolina, Riachão e Estreito.

Com a chegada à região, quase ao mesmo tempo, de projetos aparentemente paradoxais - a criação do Parque Nacional de Chapada das Mesas e a construção da usina hidrelétrica de Estreito -, o ano de 2006 coloca para gestores, empresários do trade turístico, donos de cerâmicas, pescadores, ambientalistas e demais atores sociais que vivem ou trabalham na área o desafio de conciliar desenvolvimento e respeito ao meio ambiente.

Os ambientalistas da chapada, que, além da criação do Parque Nacional, colecionam outras duas importantes conquistas na região - a aprovação, pela Câmara Municipal de Carolina, de uma lei que cria áreas de reserva ambiental no município, e a não concessão, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), de licença para a construção da hidrelétrica de Ipueiras (TO) -, não conseguiram deter o projeto da usina de Estreito.

Eles argumentaram e provaram que com a construção da hidrelétrica pelo menos uma dezena de belas cachoeiras, ainda pouco visitadas - como a do Capelão e da Caverna, ambas em Carolina - vão desaparecer. Mas não adiantou. O Ibama avaliou rigorosamente os impactos ambientais que o projeto trará à região e, em abril deste ano, concedeu a licença prévia atestando a viabilidade do empreendimento. Em março do próximo ano, deve sair a licença definitiva, e em maio começa a construção da usina.

“Aventurismo” na chapada - Enquanto a hidrelétrica não vem, gente que trabalha com turismo na chapada aproveita para exibir aos visitantes o que podem ser as últimas imagens das cachoeiras condenadas ao desaparecimento.

João Ribeiro, da Moropóia Aventurismo, por exemplo, oferece aos turistas as belas visões das cachoeiras do Capelão (que tem esse nome porque o local é hábitat do macaco capelão) e da Caverna.

O passeio custa R$ 40 por pessoa, e começa na Pedra Caída. Para chegar à cachoeira do Capelão, o primeiro trecho, de cerca de 2 km, é feito a bordo de uma Toyota, por uma estradinha que mais parece uma trilha. Depois, a partir de um ponto além do qual a Toyota não pode mais avançar, caminha-se por outros 2 km até o local em que se desce por uma trilha no meio da mata. Então, caminha-se um pouco mais por um riacho de águas cristalinas e chega-se à exuberante queda dágua.

Na volta, uma outra trilha leva à cachoeira da Caverna. Passa-se pela caverna do nome - e pelas incontáveis andorinhas que a habitam - antes de chegar à cachoeira propriamente dita, que é uma das mais belas da região.

Empresas como a Moropóia - que também é especializada em esportes radicais, como o rapel -, certamente encontrarão um vasto campo para atuar na Chapada das Mesas, mesmo com as mudanças ambientais produzidas pela hidrelétrica e com a nova visão de turismo sustentável e não predatório que a implantação do Parque Nacional vai trazer.

A preparação dos evolvidos com turismo na chapada, aliás, é uma das preocupações do Ibama para 2006. Por isso, o órgão planeja, já para o início do próximo ano, a realização de vários cursos dirigidos a guias, condutores e outras pessoas que mexem com turismo na região. De acordo com a gerente executiva do Ibama de Imperatriz, Adriana Soares de Carvalho, os cursos vão abordar temas como ecoturismo, condução de visitantes e turismo sustentável, e serão ministrados por turismólogos, geólogos e outros especialistas. (Jornal Pequeno – MA, 27/12)

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