Pelotas registra grande número de incêndios no campo
2005-12-29
As ocorrências de fogo em campo têm tirado o sossego dos policiais do Corpo de Bombeiros de Pelotas (CBPel). Só em dezembro já foram contabilizados 35 atendimentos. Ao longo de 2005, os soldados foram chamados 240 vezes para o combate de incêndios deste tipo. A estiagem prolongada e a falta de cuidado da população são os principais responsáveis pelo problema.
Por enquanto, a quantidade de atendimentos em 2005, só perde para o ano passado, quando foram registradas 266 ocorrências (o maior número dos últimos cinco anos). "Se permanecer a falta de chuva, a situação deve piorar", projeta o sargento do CBPel, Paulo Cezar Lopes Souza.
O desgaste dos policiais que fazem o combate é o principal problema apontado pelo comandante do CBPel, capitão Marco Leandro Petry. Em poucos casos é recomendado o uso de água para conter fogo em campo. Resta então aos bombeiros apelarem para batedores (cabos de madeira com tiras de borracha na ponta) ou galhos de árvore para abafar as chamas. "Quando ocorre em dia de muito vento a situação é ainda pior porque a propagação é bastante intensa", comentou o capitão.
No ano 2000, foram registradas 183 ocorrências, caindo para 37, em 2002, mas logo subindo para 140, em 2003, e chegando ao auge de 266, no ano passado. De 1º janeiro a 28 de dezembro deste ano, o número de ocorrências foi de 240.
Só ontem (28/12), o Corpo de Bombeiros de Pelotas (CBPel) teve de atender a três chamados para conter incêndio em mato. Em um deles, no loteamento Vasco Pires, na zona leste da cidade, o fogo chegou a poucos metros das residências de posseiros de uma ocupação, no prolongamento da rua Agostinho Fernandes. Foi preciso uma guarnição com oito policiais e uma hora e meia de combate para extinguir as chamas.
Com apenas três caminhões em funcionamento (o quarto está com o motor fundido) e uma média de 12 homens para trabalhar por turno, o comandante do CBPel admite que por vezes tem de buscar policiais em folga e usar servidores do trabalho administrativo para formar guarnições extras para dar conta do volume de ocorrências. Além de Pelotas, outros 14 municípios são atendidos pelo CBPel.
Descuidos com tocos de cigarros, queima de lixo, combustão de vidro exposto ao calor do sol em contato com a vegetação seca e até mesmo incêndio criminoso, estão entre as hipóteses apontadas pelos bombeiros para explicar tantas ocorrências de fogo em campo. "Em 95% dos casos, a causa é humana. Seja intencional ou acidental", avalia o comandante do CBPel. (Diário Popular, 29/12)