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2005-12-29
O reflorestamento de áreas degradadas com espécies nativas é uma alternativa importante para a recuperação ambiental. Os números confirmam. Segundo dados do Inventário Florestal de São Paulo, feito pelo Instituto Florestal, há, no Estado, 3,3 milhões de hectares de cobertura natural, que correspondem a 13,4% do território estadual. Já a área reflorestada compreende 812 mil hectares, ou 3,27% da área total do Estado. Para a gerente de Desenvolvimento Florestal Claudette Marta Hahn, da Fundação Florestal, órgão da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, a vantagem desse plantio é que, por se tratar de uma intervenção positiva, pode ser feito em locais de qualquer tamanho e em quase todas as regiões. "As restrições, aqui, dizem respeito a outras questões. Tamanho da área certamente não é problema", diz Claudette, que organizou, no ano passado, o livro Recuperação florestal: da muda à floresta, que traz uma série de dicas sobre o tema.

Segundo Claudette, o plantio de espécies nativas tem o propósito conservacionista, e não comercial. "A idéia do reflorestamento com espécies nativas é recuperar a vegetação original e preservar o ambiente. Já o plantio florestal comercial pede espécies exóticas, que são muito mais lucrativas", explica, lembrando que áreas com plantios florestais podem ser exploradas economicamente, desde que respeitadas as normas estabelecidas por lei.

RECONSTITUIÇÃO
A reconstituição é feita com um plantio heterogêneo de espécies, que irá recriar a biodiversidade e a dinâmica originais, para recuperar a estrutura que havia anteriormente. "São criados verdadeiros corredores de vegetação, que devolvem ao ambiente elementos que haviam sido perdidos", explica. Calcula-se que, o que a natureza faria sozinha em 40 anos, o reflorestamento pode fazer em 10 anos.

Claudette diz que é impossível citar as principais espécies utilizadas nesse reflorestamento. Isso porque, para recuperar áreas degradadas, é preciso de um plantio diversificado. "Quanto maior o número de espécies plantadas, melhor, pois a biodiversidade aumenta e há mais chances de chegar aos aspectos originais do local." Em São Paulo, há cerca de 500 espécies nativas. "Mais que imitar a fisionomia da floresta, é preciso retomar sua dinâmica." Em São Paulo, a recomendação é a de que, em áreas menores que 1 hectare, sejam plantadas, no mínimo, 30 espécies de ocorrência regional. Em áreas maiores que 1 hectare, deve-se trabalhar com pelo menos 80 espécies nativas, também de ocorrência regional.

PROJETO
Elaborar um projeto com a orientação de um profissional é essencial. "Pode ser um técnico agrícola, um biólogo, um agrônomo, um engenheiro florestal. O ideal é que haja um responsável técnico", aconselha. O projeto, de acordo com as características e condições do local, irá definir a estratégia mais adequada, além de estimar custos, rendimento operacional, etc. "Cada projeto tem suas particularidades", diz.

Apenas o plantio das árvores não é o bastante
Uma recomendação considerada crucial pela gerente de Desenvolvimento Florestal Claudette Marta Hahn, da Fundação Florestal, é proceder corretamente com os tratos culturais, após o reflorestamento. Claudette conta que muitos interessados, que aderem ao plantio, não fazem o acompanhamento posterior necessário. “A questão dos tratos culturais após o plantio é imprescindível, pois, embora a degradação do local tenha sido interrompida, o ciclo ainda não foi encerrado”, diz, acrescentando: “A intervenção do homem no processo é vital para que a recuperação seja efetiva.”

O reflorestamento com espécies nativas dá prioridade às Áreas de Preservação Permanente (APP), que compreendem, segundo determinação legal, uma extensão com função ambiental. No entanto, outros locais que não sejam definidos como APP podem ser recuperados. “Pastagens esgotadas, e áreas que não estão mais gerando rendimento com a atividade agrícola podem ser reflorestadas e preservadas”, explica Claudette, citando o Vale do Paraíba. “O Vale do Paraíba tem muitas áreas esgotadas, que não suportam mais a criação de animais. Há, ainda, o problema da erosão e o esgotamento dos solos, que estão seriamente castigados pela lixiviação, que é a perda de fertilidade.” (O Estado de S. Paulo, 28/12)

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