Ártico pode derreter antes do final do século
2005-12-29
O Ártico está em perigo de derreter antes do final deste século, caso as emissões de dióxido de carbono (CO2) não sejam reduzidas drasticamente. Um estudo do WWF - Fundo Mundial para a Natureza, intitulado “Alterações Climáticas no Ártico”, indica que a Terra pode aquecer mais dois graus acima dos níveis pré-industriais até ao ano de 2026. Através de simulações de alterações climáticas à escala global, o trabalho prevê que o Ártico aquecerá mais de três vezes este valor, o que pode resultar na alteração das características ambientais.
A organização internacional alerta em um comunicado que, “no Verão, o mar gelado do Ártico já derrete a uma taxa de quase 10% por década, processo que pode levar à extinção de diversas espécies animais como o urso polar ou a foca da Groenlândia e de alguns tipos de vegetação tundra, bem como levar a transformações fundamentais dos modos de vida das comunidades indígenas e outros residentes da região”.
No mesmo sentido, a associação ambiental destaca que a emissão global de CO2, o principal gás causador do efeito de estufa, precisa de ser reduzida em 60% até 2050.
O efeito estufa está derretendo o gelo ártico em um ritmo que faz com que a região polar absorva cada vez mais calor do planeta, o que contribui para aumentar esse mesmo processo em um círculo vicioso de conseqüências imprevisíveis.
O relatório alerta também que o aquecimento global pode levar ao derretimento substancial do mar de gelo da Groenlândia, contribuindo para um aumento dos níveis do mar em todo o mundo. Cidades européias como Lisboa ou os estados da Florida e Luisiana nos Estados Unidos são particularmente sensíveis ao aumento dos níveis do mar. A Groenlândia contém um enorme volume de água para derreter, que pode originar um aumento dos níveis do mar em escala mundial de cerca de sete metros.
Outra conseqüência do degelo do Ártico que preocupa os cientistas é o afogamento de ursos polares. Um relatório científico de um departamento governamental dos Estados Unidos calcula que, no momento em que se fez um reconhecimento aéreo do Ártico, em setembro de 2004, 40 ursos polares estavam nadando no mar longe de qualquer banco de gelo e "muitos deles provavelmente se afogaram".
"Para qualquer um que perguntar como o aquecimento global e a redução do gelo afetarão os ursos polares, a resposta é singela: eles morrem", disse o catedrático de biologia marinha da Universidade do Alasca Richard Steiner. O maior temor dos especialistas é que o Ártico esteja a ponto de alcançar um nível de não retorno a partir do qual nada pode reverter o desaparecimento progressivo dessas massas de gelo e dos glaciais da Groenlândia. (Sabrina Domingos/ CarbonoBrasil 27/12/05)
Link: http://www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=22422