Em Santa Cruz do Sul, lavouras de milho secam com a falta de chuva
2005-12-28
Agricultores santa-cruzenses já apelaram ao seguro agrícola do Proagro para compensar perdas ocasionadas nas plantações de milho devido ao baixo volume de chuvas. Estragos provocados pela estiagem na lavoura de milho já são notados em várias regiões do interior de Santa Cruz.
O verde das plantações de milho já começa a ganhar um tom amarelado em diversos pontos do interior de Santa Cruz do Sul. A nova cor é sinal da falta de água e do sol forte. Na primeira vistoria realizada ontem para verificar os prejuízos da estiagem, técnicos da Emater/RS, Secretaria Municipal da Agricultura, Defesa Civil e Sindicato dos Trabalhadores Rurais notaram que a situação começa a se agravar e pode comprometer novamente a produtividade das lavouras milho. Em algumas regiões, como em Cerro Alegre Alto a grama dos campos está ressecada e as plantações aparecem com folhas retorcidas por causa calor excessivo. O gado já tem dificuldades para se alimentar.
Os açudes e aguadas de São José da Reserva, Linha João Alves, Reserva dos Kroth e Cerro Alegre Baixo também estão com o nível abaixo do normal. “Tivemos uma dimensão do que a falta de chuva está causando. Assim poderemos intensificar as ações de ajuda aos produtores”, ressaltou o secretário de Agricultura, Benno Kist. Dentre as medidas que devem ser adotadas, segundo ele, estão a limpeza e ampliação de reservatórios. “Já realizamos esse tipo de trabalho em pelo menos mil propriedades e vamos continuar”, frisou.
Em alguns casos, nem mesmo a chuva pode reparar as perdas. Essa foi uma das constatações dos técnicos que visitaram pelo menos 10 lavouras ontem pela manhã. Segundo Vicente Puntel, da Emater, por não ter encontrado a umidade que precisava para se desenvolver, o milho deve ter a produtividade reduzida. Dentre os problemas constatados, consta a má-formação dos grãos e o ataque de lagartas que devoram as folhas. “No ano passado isso aconteceu a partir de fevereiro. Se agora já está assim, o risco de mais prejuízos aumenta”, afirmou. Numa das lavouras analisadas ele estimou um estrago de 90% no milho. Nesse caso não haveria mais condições de recuperar as plantas.
As previsões da meteorologia, de que o verão vai ser seco e terá um baixo volume de chuvas, começam a gerar tensão entre os produtores, não apenas em Santa Cruz do Sul. Nos demais municípios do Vale do Rio Pardo, as reservas também começam a baixar e os moradores encontram dificuldades para tratar os animais e realizar tarefas domésticas.
Nem mesmo a alternativa de replantio da lavoura perdida deve ser utilizada. “A terra está tão seca que dificilmente alguma coisa vai brotar”, avaliou o coordenador do Conselho Municipal da Defesa Civil, Gastão Gal. Segundo ele, os acompanhamentos devem continuar sendo realizados em outras regiões do interior a fim de verificar a intensidade dos danos causados pela falta de água. (Gazeta do SUl, 28/12)