O nível da barragem Santa Bárbara atingiu a marca de um metro negativo no último final de semana. Com isso, os quatro últimos dias úteis do ano serão preparatórios para, na primeira semana de 2006, técnicos do Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep) darem início à transposição de água do arroio Pelotas.

A decisão foi tomada ontem pela manhã, durante reunião técnica da diretoria realizada na sede de autarquia, informou o diretor-presidente Gilberto Cunha. O trabalho será o mesmo feito em agosto deste ano, com a diferença que desta vez o custo será menor. Na época foram gastos cerca de R$ 30 mil e desta vez a estimativa é que sejam usados R$ 9 mil dos caixas do Sanep.

"É preciso deixar claro para a comunidade que este procedimento tem por finalidade manter o nível estabilizado em um metro, índice considerado tranqüilo em caso de estiagem", afirmou Cunha. Nesta semana será recolocada a fiação da rede de alta tensão que depois de agosto foi retirada para que não fosse roubada. Nos próximos dias, Cunha tem encontro agendado com o deputado federal Érico Ribeiro (PP) para assinar o termo de acordo, já que o serviço será feito em local privado, de propriedade do deputado.

Em conversa por telefone ontem à tarde, Érico autorizou verbalmente que os técnicos do Sanep iniciem os trabalhos na área indicada. Com a assinatura do termo, o deputado cederá o uso do canal natural de irrigação localizado no 9º Distrito para servir de intermédio entre o arroio Pelotas e a Sanga da Barbuda, que levará água por gravidade à barragem.

Assim que estiver tudo pronto, a transposição será imediatamente iniciada. A idéia é bombear de forma que não seja necessário fazer racionamento na cidade caso a estiagem se intensifique. "Assim dá para dizer que ficaríamos tranqüilos", reforçou o diretor do Sanep.

A respeito das autorizações exigidas por órgãos ambientais - Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) - Cunha cobra uma resposta ao pedido feito a ambos na primeira obra - em agosto - que até agora não chegou à autarquia. "Não podemos deixar de fazer tal procedimento por causa da demora deles. A barragem é responsável pelo abastecimento de 45% da população de Pelotas", afirmou.

O trabalho é justificado pelo estudo feito por técnicos das universidades Federal e Católica de Pelotas (UFPel e UCPel) e do próprio Sanep. Segundo ele, todo este procedimento tem o conhecimento da Promotoria Pública. Em recente audiência com o promotor de Improbidade Administrativa, Jaime Chatkin, o diretor do Sanep deixou clara a necessidade de puxar a água com antecedência, como medida de prevenção. (Diário Popular, 28/12)