Produção de orgânicos ganha fôlego em 2005 em Mato Grosso
2005-12-28
Incrementar a comercialização dos produtos orgânicos da Cooperativa dos Agricultores Ecológicos do Portal da Amazônia (Cooperagrepa) e promover a estruturação tecnológica dos condomínios serão as principais metas para 2006 do Projeto Vida Rural Sustentável, implantado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Mato Grosso (Sebrae/MT) em parceria com o Governo do Estado, prefeituras e várias outras entidades.
Criada em 2003, a Cooperagrepa é formada por agricultores familiares e agro-extrativistas de 10 municípios do Norte de Mato Grosso – Alta Floresta, Carlinda, Guarantã do Norte, Marcelândia, Matupá, Nova Guarita, Nova Santa Helena, Novo Mundo, Peixoto de Azevedo e Terra Nova do Norte. As 300 famílias cooperadas são organizadas em 32 condomínios de produção adotando o modelo agroecológico que permite, além da preservação ambiental, a produção de alimentos saudáveis, sem agrotóxicos, adubos químicos, queimadas, desmatamentos e monocultivos. A cooperativa promove ações voltadas para a organização social, produção agroecológica certificada, agregação de valor e comercialização, inclusive no exterior, a partir da adoção de tecnologias de produção de bases sustentáveis.
Para implementar as metas estabelecidas, serão intensificadas as participações em feiras no Brasil e no exterior - em fevereiro, os produtos serão levados a BioFach Alemanha, em Nuremberg, que reúne cerca de 2.000 expositores de mais de 60 países e recebe público superior a 30.000 visitantes. Dentre os produtos disponíveis para a comercialização, destacam-se o guaraná em pó, castanha-do-brasil, mel, café, melado, açúcar mascavo, rapadura, frango, suínos, caprinos, pães, doces, leite, frutas e hortaliças. Eles têm atraído consumidores na Áustria, Alemanha, Holanda, Coréia e Japão. Em 2005, foram comercializadas para estes países 24 toneladas de castanha-do-brasil, 14 de guaraná, 146 de açúcar mascavo e 35 de café.
Calcula-se que as vendas têm proporcionado um incremento de um salário mínimo na renda de cada família, ou seja, um acréscimo de 15%, reforçando um significativo avanço na melhoria da qualidade de vida, promovendo inclusão social, gerando renda e emprego.
“Estamos ainda fazendo parceiras na área comercial com organismos internacionais com a Doen Foundantion, da Holanda”, explica do gerente da Unidade de Agronegócio Territorial, do Sebrae/MT, Roberto de Oliveira.
Segundo ele, 2005 foi o ano da consolidação do projeto com um intenso trabalho de assistência técnica e consultorias tecnológicas na produção de café, cana-de-açúcar e guaraná. “A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de Brasília foi contratada para ministrar um curso em Matupá”, conta, acrescentando que com a introdução da colheita seletiva do café e do guaraná foi possível atingir um nível de excelência para os dois produtos.
A certificação também é outro ponto importante. Roberto relata que o guaraná, açúcar mascavo, melado, café e castanha-do-brasil já estão certificados pela Ecocert Brasil e outros produtos estão em processo de certificação, como o frango, mandioca, leite e derivados.
O fortalecimento da Cooperagrepa é o trabalho mais importante na área de gestão. Está sendo implantado um sistema de banco de dados nos 32 condomínios que irá permitir uma melhor comunicação entre eles e com os compradores, ou seja, mais eficiência na comercialização, visto que permite a emissão de notas fiscais e relatórios financeiros.
Uma parceria com a Ong Amigos da Terra permitiu a elaboração de rótulos para as embalagens dos produtos, bem como uma consultoria na área de agroturismo. O Instituto Centro Vida (ICV) vem desenvolvendo projetos alternativos aos desmatamentos e queimadas.
Em 2005 foi implantada uma agroindústria de açúcar mascavo na comunidade Estrela do Sul, em Alta Floresta (765 km de Cuiabá) reunindo sete produtores rurais – em torno de 40 pessoas. A capacidade instalada da agroindústria é de 500 quilos de açúcar-mascavo por dia e o condomínio tem 13 hectares de cana plantados, espalhados pelas terras dos sete sócios.
Esta é a segunda agroindústria do gênero da Cooperativa, a primeira foi instalada em Nova Guarita (667 km da capital). Em 2005, a produção dos oito condomínios envolvidos na cadeia da cana-de-açúcar foi de 200 toneladas de açúcar mascavo e melado.
Novas agroindústrias serão implantadas em 2006 e os projetos de financiamento estão em tramitação no Banco do Brasil, parceiro do Vida Rural Sustentável, juntamente com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
Segundo Roberto, “o pequeno produtor está vendo que o projeto tem sustentabilidade econômica e ambiental”. O Prêmio Chico Mendes, na categoria negócios sustentáveis, recebido pela cooperativa em dezembro deste ano (2005) foi a consolidação deste trabalho, na avaliação do presidente da Cooperagrepa, Domingos Jarí Vargas. (24 Horas News, 27/12)