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lixo tecnológico / eletrônico
2005-12-27
Os britânicos devem descartar mais lixo nestas festas de Natal e de fim de ano do que nunca, com um total estimado de três milhões de toneladas – um décimo do total gerado na média anual – acumulado nessas duas últimas semanas de 2005.

Apenas um quarto dos bens descartáveis, empacotados e não mais aptos a serem consumidos como alimentos estão para ser reciclados, sendo o resto incinerado – exalando poluição para a atmosfera – ou lançado em aterros sanitários onde metais pesados podem migrar para o subsolo. A União Européia tornou-se tão exasperada com as falhas do governo britânico em melhorar a reciclagem que chegou a ameaçá-lo com uma ação legal. Há uma lista de situações de atraso, por parte do governo britânico, na introdução de centros de reciclagem de resíduos perigosos e equipamentos eletrônicos, de acordo com as diretivas da União Européia, o que impede o descarte adequado de bens como televisores, computadores e outros bens eletroeletrônicos.

A Grã-Bretanha tem um desempenho pobre em reciclagem, com taxas ainda mais baixas do que a maior parte de seus vizinhos europeus. Embora a reciclagem tenha dobrado em cerca de 23% na Inglaterra, nos últimos cinco anos, países como a Noruega exibem taxas de mais de 68%.

O governo deu início a uma campanha para aumentar o volume de resíduos gerados pela temporada de exageros do Natal e do Ano Novo. Segundo a divisão governamental Recicle Agora, 1 bilhão de cartões natalinos, oito milhões de árvores de Natal e 750 milhões de garrafas foram já comprados para o Natal, ou ainda o serão, até o Ano Novo. Metade desse material poderia ser reciclado ou composto. Contudo, a maior parte dele vai acabar em lixeiras. A organização Recicle Agora acredita que muitas pessoas desejam reciclar seus descartes natalinos.

Segundo o ministro do governo local, Ben Bradshaw, –neste Natal, a Grã-Bretanha gerou milhões de toneladas de lixo, a maioria levado a sítios de aterros. Isto não precisaria ser assim. A reciclagem é mais fácil do que nunca, de modo que cada pessoa pode fazer sua parte. Os benefícios da reciclagem para o meio ambiente são claros. Mais de oito milhões de árvores de Natal foram compradas neste ano, a maioria das quais está para ser jogada fora após o Natal, gerando cerca de 12 mil toneladas de lixo extra. Todo este lixo não é apenas prejudicial para os aterros de resíduos biodegradáveis, mas gera metano, um potente gás de efeito estufa–, assinala.

O ativista da ONG Observatório de Resíduos, Stephen Webb, afirma: –Você precisa apenas observar o número de sacos pretos no final de cada rua, depois do feriado, para ver quanto resíduo é gerado no Natal–. Segundo a Reciclagem Agora, cada pessoa, no Reino Unido, descarta sete vezes mais o peso de seu corpo em lixo, a cada ano. Contudo, para cada cinco toneladas de produtos elétricos lançados por consumidores, estima-se que haja outras 15 toneladas lançadas.

Neste Natal, a popularidade dos novos iPods, tocadores de DVDs e TVs de plasma está resultando no descarte de aparelhos de gravação de vídeo obsoletos, bem como em tocadores de CDs e walkmans antigos indo para o lixo. A quantidade de produtos deste tipo que é descartada provavelmente aumentará como resultado da compra e entrega de eletroeletrônicos pela Internet – de 55 milhões, no ano passado, para 70 milhões, neste ano, sem falar no aumento do consumo de alimentos típico da época. As falhas na previsão da proliferação de resíduos vexa ambientalistas e consumidores. O Consórcio de Varejistas Britânicos, que representa as principais cadeias de lojas, já manteve conversações com o Departamento de Meio Ambiente e Negócios Rurais e de Alimentação para discutir o desenvolvimento de produtos mais sustentáveis. Nigel Smith, o diretor de responsabilidade social da entidade, reconhece que a vasta escala de consumo e descarte sucessivo tornou-se –uma grande questão.

O grupo ecológico Amigos da Terra argumenta que há uma responsabilidade moral dos governos e consumidores ocidentais em reduzir o volume de lixo e em praticar a reciclagem. A ONG coloca a prevenção em primeiro lugar, mas, na falha desta, defende a maior reciclagem e reutilização. O ativista de campanhas da Amigos da Terra inglesa, Michael Warhurst, afirma: –Há uma grande demanda por recursos no mundo, e para nós dizermos –por que descartamos esses resíduos– é uma questão muito imoral. E, nos dias atuais, a reciclagem é muito mais fácil–. (The Independent, 25/12)

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