Ibama do RS transfere pássaros apreendidos
2005-12-27
Fiscais e analistas ambientais do Ibama do Rio Grande do Sul transportaram ontem
(26/12) para um criadouro conservacionista a 54 quilômetros de Porto Alegre 120
pássaros de 23 espécies, apreendidos pela Operação Trinca-Ferro. Por meio dela,
o Ibama e as Polícias Militar e Federal desbarataram, no último dia 14/12, uma
quadrilha de traficantes de animais silvestres que agia em cinco estados, RS,
SC, PR, SP e MG, e tinha pontos de receptação e coleta na Argentina e Uruguai.
Dez pessoas foram presas e cerca de mil animais foram apreendidos, a maioria
deles pássaros. O repasse dos pássaros ao criadouro foi acompanhada por
repórteres das televisões Bandeirantes e Sistema Brasileiro de Televisão.
Logo que foram recolhidos, os pássaros foram encaminhados pelo Ibama ao
zoológico de Sapucaia do Sul, na Grande Porto Alegre. Lá, foram examinados e
tratados com complexos vitaminicos, ministrados pela coordenadora do Centro de
Triagem do zôo, veterinária Maria do Carmo Boto. – Eles chegaram estressados.
Mas felizmente não apresentaram parasitas. Estão bem-, diz ela.
Como perderam a capacidade de se readaptar ao seu ambiente natural, a partir de
ontem (26/12), até morrerem, os pássaros permanecerão no criadouro, aos cuidados
do veterinário Max Martis. Ali terão a chance de voltar a viver com seus iguais,
de se reproduzir em ambiente mais próximo do natural.
De propriedade de um empresário, o criadouro possui sete funcionários, que
alimentam e tratam hoje (sem contar os pássaros entregues hoje), 641 animais de
74 espécies em 57 cativeiros de seis metros por seis. A maioria é composta por
pássaros, mas há também macacos, quatis, ratões do banhado, tartarugas,
guaximins etc.
Antes de serem colocados nos viveiros, os pássaros ficarão em observação por
40 dias, e ganharão anilhas, argola de identificação colocada na patinha. Entre
eles, há quatro espécies em extinção: Cardeal-Amarelo, Coleiro do Brejo, Curió e
Bico de Pimenta.
Criadouros - O RS possui cerca de 50 criadouros conservacionistas. Todos
sem fins lucrativos, em geral situados na zona rural. Mantidos por empresários e
profissionais liberais, esses criadouros recebem animais apreendidos pelo Ibama
e passam a arcar integralmente com o custo de sua manutenção. – Quem pensa, acha
que há algum interesse escuso por trás. Mas não. Os proprietários privados de
criadouros conservacionistas recebem e cuidam dos animais por satisfação-, diz o
veterinário Max. Segundo ele, os animais recebem visitas dos familiares do
empresário e, eventualmente, podem ser freqüentados com a finalidade de educação
ambiental. Arborizado e decorado com hortênsias, o local possui viveiros
hexagonais espalhados por 3 mil metros quadrados de área.
Só neste ano o Ibama do RS apreendeu 6 mil animais, a maioria pássaros e
tartarugas. – O tráfico de animais silvestres, além de um problema ambiental,
gera custos para o Poder Público. O Estado gasta com as operações de
fiscalização, o transporte de animais, exames veterinários, como os ocorridos no
zoológico de Sapucaia. É necessária logística enorme para que criminosos sejam
presos, mas sobretudo dar destino digno aos animais, já que, depois do período
de cativeiro, soltá-los na natureza é condená-los à morte prematura-, afirmou o
chefe da fiscalização do Ibama RS, Fernando Falcão. (Ibama, 26/12)