Lei ambiental não atrapalha crescimento, diz presidente
2005-12-26
Em discurso na inauguração da segunda pista do aeroporto de Brasília, ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a legislação ambiental brasileira atrasa investimentos mas não vai impedir o crescimento do país. Ele afirmou que o país estaria crescendo apesar das críticas à política monetária.
— Falam de câmbio e juros, mas a prática desmonta a teoria, pois todo santo dia cresce o número das exportações e de embarque de passageiros nos aeroportos - disse Lula. De acordo com a Infraero, o número anual de passageiros em vôos domésticos cresceu de 65 milhões em 2002 para 100 milhões em 2005.
A segunda pista do aeroporto de Brasília custou R$ 160 milhões, dos quais R$ 30 milhões foram gastos para cumprir determinações da legislação ambiental, de acordo com a Infraero. Antes do discurso de Lula, o presidente da Infraero, Carlos Wilson, disse que as demandas ambientais em torno da obra levaram dez anos para ser resolvidas.
— Temos leis sofisticadas de proteção ao meio ambiente e, quando dá tudo certo para um investimento, alguém entra com uma liminar e bloqueia a obra, mas nada vai impedir o Brasil de crescer - disse o presidente.
— Tem hidrelétrica esperando (liberação ambiental) há 14 anos, mas não é pelo Ibama, é a legislação.
O presidente ressalvou que não critica a legislação ambiental e lembrou que ela decorre dos trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte (19887-1988), da qual foi membro.
— A legislação é tão sofisticada que um fiscal vai contar até mil antes de dar uma licença, porque se houver um recurso a primeira coisa que acontece é indisponibilizar o patrimônio dele.
Ao contrário do que tem feito nos pronunciamentos recentes, Lula não fez menção à crise política, às dúvidas sobre a candidatura à reeleição nem criticou os adversários, no improviso de 23 minutos.
— Estamos fazendo aquilo que a população espera que um governo faça: criando as condições para que o nosso Brasil não pare de crescer - acrescentou.
Lula levou a bordo do vôo que inaugurou a segunda pista do Aeroporto de Brasília 20 operários que trabalharam na obra e o presidente da Infraero, Carlos Wilson. A nova pista tem 3,3 km de extensão e a obra custou R$ 160 milhões, dos quais R$ 30 milhões foram gastos somente na redução do impacto ambiental, segundo a Infraero. (Gazeta Mercantil, 23/12)