Um dos grandes problemas que assombra a pecuária gaúcha, o capim Annoni, foi o foco das atenções na Estância Upacaraí, dia 19 de dezembro, em Dom Pedrito.

A distância do experimento de 42 quilômetros da cidade não impediu que os produtores pedritenses e até mesmo técnicos do Uruguai comparecessem. Foi a oportunidade dos participantes conferirem de perto as condições que favorecem ou desfavorecem o desenvolvimento do Annoni, e tirarem suas próprias conclusões.

O trabalho denominado Ecologia e dinâmica do capim-annoni-2 ( Eragrostis plana Ness ) – Prevenção de sua Expansão, apresentado nesse dia, faz parte da tese de doutorado do biólogo Telmo Focht, orientada pelo engenheiro agrônomo PhD Renato Borges de Medeiros, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Foi viabilizado através do convênio entre a UFRGS, o Sindicato Rural de Dom Pedrito e a Estância Guatambu, que cedeu a área para a realização do experimento e apoiou com infra-estrutura e logística.

O objetivo da tese é testar práticas de manejo ecológico que desenvolvam uma condição ambiental na vegetação campestre capaz de resistir à invasão do capim-annoni-2.

Área de campo
Os pesquisadores escolheram uma área de campo nativo e livre de annoni para combinarem manejos diferentes, desde a instalação do experimento até o tipo de pastejo.

E, para simular a disseminação do capim annoni feita pelo gado, foi necessário semear 4 quilos do capim por hectare em todas as parcelas no momento da instalação do experimento, em julho do ano passado.

Nesta ocasião, em algumas parcelas a semeadura foi feita com uma altura do campo nativo de 10 cm, já outras parcelas foram pastejadas intensamente, e na seqüência semeadas juntamente com o annoni a mescla de azevém-anual, trevo-branco e cornichão. E, nas parcelas com maior nível de distúrbio, as quais os pesquisadores supunham ser a condição mais favorável para o desenvolvimento do annoni, foi feito um pastejo intenso, uma escarificação com enxada mecânica (rotativa), seguido de sobressemeadura com a mistura de azevém-anual, trevo-branco e cornichão, e annoni.

Parcelas
As parcelas receberam ainda três tratamentos de adubação: umas com 150 kg/ha de nitrogênio, outras com 100 kg/ha de fósforo e as restantes sem adubação alguma. Somado a isso, após a instalação, umas parcelas vêm sofrendo pastejo contínuo, outras pastejo rotativo, e outras, como testemunha, estão isoladas, sem pastejo algum. Conforme o médico veterinário Valter José Pötter, proprietário da Guatambu, o público conferiu surpreso a resposta das plantas aos 27 tratamentos aplicados. Os resultados prévios mostram que o annoni foi favorecido com o tratamento de pastejo intenso e escarificação na instalação do experimento, pois o capim invasor somente se desenvolveu neste tratamento onde o distúrbio inicial foi mais intenso. (A Platéia, 23/12)