Entidades denunciam invasão ilegal do milho transgênico
2005-12-23
O IDEC - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, a AS-PTA - Assessoria e
Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa, a ONG Terra de Direitos, o
Greenpeace e a AAO - Associação de Agricultura Orgânica - apresentaram ao
Ministério Público Federal uma representação solicitando a abertura de inquérito
para investigação do plantio e comercialização ilegais de uma variedade de milho
transgênico da multinacional Monsanto, no Rio Grande do Sul.
As organizações relatam que a saúde da população brasileira e o meio ambiente
estão em sério risco diante da existência de milho geneticamente modificado em
território brasileiro não avaliado pelas autoridades públicas brasileiras e
autorizado somente para importação para ração animal pela CTNBio.
Foram entregues documentos do Ministério do Meio Ambiente, da Anvisa - Agência
Nacional de Vigilância Sanitária, da própria CTNBio - Comissão Técnica Nacional
de Biossegurança, a denúncia do deputado estadual Frei Sérgio Görgen (PT/RS) e
laudos laboratoriais que comprovam o grave risco a que estão sujeitos humanos e
ambiente e a necessidade de aprofundamento das investigações para proibição da
circulação do milho transgênico no Brasil e para punição dos responsáveis.
Argumentam as entidades que o recente episódio da soja transgênica Roundup
Ready da Monsanto deve servir de alerta. Sob a alegação de fato consumado, o
Presidente da República autorizou sua liberação nos anos de 2003, depois 2004,
depois 2005, por meio de medidas provisórias, ao arrepio da Lei e em manifesta
afronta ao Poder Judiciário (medida cautelar 1998.34.00.027681-8 e ação civil
pública 1998.34.00.027682-0).
As organizações temem que a importação de variedades de milho geneticamente
modificado autorizada pela CTNBio e o plantio ilegal de milho geneticamente
modificado no Rio Grande do Sul sirvam para justificar novas liberações de
plantio em escala comercial açodadas e sem avaliação de riscos por parte do
Governo Federal, sob a mesma frágil e insustentável alegação de fato consumado
como feito com a soja e com o algodão transgênico.
Na representação, pedem ao Ministério Público Federal, entre outras medidas:
avaliação das medidas de fiscalização (ou falta de) relacionadas às toneladas de
milho importadas da Argentina em Pernambuco; investigação da introdução ilegal
de variedades de milho transgênico no Brasil, especialmente nas lavouras do Rio
Grande do Sul; investigação da presença de milho transgênico nos alimentos
destinados ao consumo humano e a informação necessária; apuração das condutas
dos agentes públicos competentes; apuração da real extensão da contaminação do
milho cultivado no Rio Grande do Sul e da dispersão das sementes de milho
transgênico; investigação quanto à eventual participação da empresa de
biotecnologia Monsanto do Brasil Ltda, tendo em vista que o milho transgênico
detectado (GA21) em análise laboratorial no Rio Grande do Sul, é de sua
propriedade. (Governo do Paraná, 22/12)