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2005-12-23
O aterro sanitário é uma obra de engenharia destinada a estocagem, armazenamento ou guarda de resíduos (lixo) gerados pelos grupamentos humanos, ou, melhor dizendo, pela sociedade moderna.

Grandes valas são rasgadas no solo e sub-solo e passam por um processo de impermeabilização com aplicação de uma camada de argila de baixa textura que é compactada para reduzir sua porosidade e aumentar sua capacidade impermeabilizante, sobre esta primeira camada, é colocado um lençol plástico e, sobre esse, uma segunda camada de argila é aplicada e novamente compactada.

Sobre essa última camada de argila são colocados drenos para retirada de gases e líquidos gerados pela decomposição do resíduo orgânico por micro-organismos anaeróbios.

Finalmente, o resíduo orgânico (lixo) será depositado sobre essa segunda camada de argila, compactado e isolado do meio ambiente por uma camada de saibro, entulho de demolição, argila ou terra. Para essa operação grandes desmontes e movimentação de terra são necessários.

As camadas de lixo e terra vão se sucedendo num sanduíche interminável. Geralmente, esse sanduíche extrapola o nível topográfico original da região e passam a formar verdadeiras montanhas artificiais e instáveis, alterando a paisagem da região.

Essa opção de engenharia irá causar inúmeros problemas ambientais e grandes prejuízos à sociedade porque:

a) Há necessidade de um grande investimento para sua implantação e manutenção;

b) A fermentação e digestão da matéria orgânica pelos micro-organismos anaeróbios geram gases altamente nocivos à atmosfera, além do chorume, líquido poluente e mal cheiroso. O material plástico, contido no lixo do aterro, que não é biodegradável, permanece incólume, criando bolsões de gases e condições de deslizamento das camadas componentes do aterro;

c) Inutilização de grandes áreas em locais valorizados próximos às cidades que nunca mais poderão ser utilizados, senão para cobertura verde;

d) Necessidade de investimento em equipamentos pesados como tratores, caminhões e retro escavadeiras para operar o aterro;

e) Elevado custo operacional para cumprir as condições operacionais mínimas obrigatórias;

f) Tempo de uso limitado, obrigando a busca permanente de outras áreas para novos aterros;

g) Poluição da atmosfera pela exalação de odores fétidos num raio de vários quilômetros;

h) Riscos permanentes de poluição dos mananciais subterrâneos;

i) Necessidade de permanente incineração dos gases emanados pelos drenos constituídos principalmente pelo gás metano, vinte e uma vezes mais poluente que o gás carbônico.

A impermeabilização permanente de um aterro sanitário é uma tarefa de engenharia impossível porque, até a presente data, nenhuma tecnologia criou uma superfície capaz de conter a infiltração de forma permanente.

A argila forma uma superfície filtrante, deixa passar água e quem nos garante que o lençol de material plástico não irá se romper durante o processo de compactação ou por decomposição por ação química ou bioquímica provocada pelo contato com o chorume?

Um determinado material poderá conter a infiltração da água por algum tempo, porém, mais tarde ou mais cedo, esta camada de proteção irá ceder, permitindo a passagem da água que irá transportar os metais pesados contidos no lixo do aterro para os lençóis freáticos.

Regiões pobres em recursos hídricos como a Grande São Paulo não podem correr o risco de contaminar, de forma irreversível, os seus já escassos recursos.

Os aterros sanitários são soluções paliativas. Visam apenas camuflar o grande problema do lixo, empurrando-o para as gerações futuras que terão de enfrentar verdadeiras bombas de retardo, que poderão detonar a qualquer momento!

Por Antonio Germano Gomes Pinto, Químico Industrial, Engenheiro Químico, Especialista em Recursos Naturais com ênfase em Geologia, Especialista em Tecnologia e Gestão Ambiental, Professor Universitário e autor de duas patentes registradas no INPI e em grande número de países. (Publicado originalmente em AmbienteBrasil, 15/12)

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