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2005-12-23
Um estudo divulgado nesta quinta-feira (22/12) atesta que a poluição do ar deve tornar o aquecimento global mais lento, ao contrário do ar puro, que tende a acelerar o fenômeno. Publicado na revista Nature, o estudo de uma equipe internacional de cientistas proporciona evidências que sugerem que uma redução em nevoeiros por causas humanas pode acelerar o efeito estufa na atmosfera terrestre.

Conforme os pesquisadores, os poluentes desaceleram a taxa do aquecimento global pela absorção e pela difusão da luz solar. – Se as pessoas despoluírem o ar, mais aquecimento virá e se espalhará –, afirma Jim Coakley, professor de Ciências Atmosféricas da Universidade do Estado de Oregon, em Corvallis. A Nature escolheu o Dr. Coakley para escrever um comentário sobre o estudo.

Os cientistas, que trabalham para as agências do governo na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, fizeram tal descoberta após acrescentarem medições baseadas em satélite da neblina com uso de modelos de computador, estimando as conseqüências das emissões industriais de aerossóis ou de partículas que se espalham pelo ar.

A névoa espalha-se e absorve alguma quantidade de luz solar, que impede a mesma de chegar ao solo, e tal efeito refrescante é mais forte do que muitos cientistas acreditavam, afirma o estudo. Este efeito refrigerante elimina em torno de um terço do aquecimento derivado do uso de combustíveis fósseis e outros fatores de aquecimento causados por ação humana, diz a pesquisa.

– Conseqüentemente, emissões continuadas e controladas de aerossóis devem levar a um aquecimento maior do que prevê o atual modelo–, escreveram os pesquisadores.

As temperaturas globais já estão a centésima sétima parte de um Fahrenheit mais altas do que estavam em 1880, diz o Dr. Coakley, e espera-se que mais aquecimento possa ocorrer dentro de décadas, com os verões durando um mês a mais do que agora.

A nova estimativa do efeito refrigerante da neblina está no topo das discussões, sendo citada pelo Painel Intergovernamental de Mudança Climática, um grupo de estudos criado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e pela Organização Meteorológica Mundial.

Contudo, Coakley observa que a ciência estava ainda complicada e que outros fatores precisam ser mensurados, incluindo o efeito refrigerante dos reflexos da luz do sol obre gotas de água associados com a neblina, como formas distintas da névoa em si mesma. A redução da neblina eliminaria as gotas, mas, por outro lado, removeria outras fontes de aquecimento, diz ele.

— Este é um esforço bravo, mas vamos ver o que outros podem trazer –, afirmou, em um novo relatório.

Em 1995, Paul Crutzen, Mario Molina e F. Sherwood Rowland receberam o Prêmio Nobel de Química por explicarem como proteger a camada de ozônio, a qual previne as pessoas contra radiações perigosas. Eles verificaram que a mesma está sendo danificada pela emissão de gases industriais. (Fontes: The NewYor Times; Bloomberg, 22/12)

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