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2005-12-22
A eleição para o CMDUA (Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano Ambiental) de Porto Alegre, na segunda-feira (19/12), elegeu a ONG Solidariedade para a vaga ambientalista , passando a ocupar o lugar que antes era da Agapan (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural).

Ainda que sem a tradição da Agapan, fundada em 1971, a organização não-governamental Solidariedade luta, em seis anos de existência, por um entrelaçamento entre comunidades carentes e o meio ambiente. O representante Eduíno de Mattos, que compareceu à votação em nome da entidade, explica que a questão ecológica é uma das diretrizes do trabalho. – Eu já me considero um ambientalista e, como eu, há vários outros no nosso grupo.

Na batalha pelo fim do chamado preconceito ambiental, os integrantes promovem uma educação de forma direta, como esclarece Mattos. – Nós procuramos levar informações às famílias sobre seu próprio cotidiano, como o cuidado com a água e o desperdício, além de um alerta sobre as áreas de risco -, conta. A preocupação da ONG, especialmente com os recursos hídricos, envolve a preservação das nascentes, dos arroios e de outras paisagens.

O desenvolvimento sustentado, como defende Mattos, é um dos compromissos que a entidade se propõe a defender, mas o maior de todos é a cidadania. – Acreditamos na gestão pública e na informação para levar esse conceito a todos. Por isso, nos preocupamos com a questão dos loteamentos municipais. Como as famílias vão sobreviver somente com uma boa casa?-, questiona. – É necessário pensar também em uma sustentabilidade sócio-econômica -, salienta.

Primando por uma total desvinculação do Estado e de partidos políticos – norma essa inclusive existente nas diretrizes – a Solidariedade foi pensada por lideranças de Porto Alegre advindas do Orçamento Participativo, do Plano Diretor e de programas semelhantes. Embora pouca conhecida dos gaúchos, a ONG tem vários filiados e simpatizantes no mundo inteiro, resultado da participação no Orçamento e na primeira edição do Fórum Social Mundial, realizado em 2001 na capital gaúcha.

Agapan buscou conscientizar
De acordo com a presidente da Agapan, Edi Fonseca, a organização decidiu não concorrer à reeleição por entender que outra entidade devia ocupar a cadeira. – Nós participamos por dois anos, acho que temos que dar a chance uma ONG diferente-, esclarece, já que as eleições ocorrem a cada biênio.

A presidente explica que a Agapan, dentro do Conselho, sempre teve um papel educativo. – Nossa relação sempre foi a mesma com todos, não importa se eram ligados ao empresariado ou às classes populares. Queríamos conscientizar sobre a questão ambiental-, assegura.

Edi reconhece, entretanto, o poder limitado dos ambientalistas frente a outras entidades. Cita, por exemplo, o caso da instalação de antenas de telefonia celular. – Às vezes, um representante de uma das regiões de planejamento votava a nosso favor e contra a instalação, mas nunca era suficiente para barrar os projetos-, lamenta, lembrando que, teoricamente , o Conselho tem poder de veto.

Embora consciente da limitação, a Agapan procurava pedir subsídios a outros órgãos. – Com freqüência recorríamos a Smam [Secretaria Municipal do Meio Ambiente], ao DMLU [Departamento Municipal de Limpeza Urbana] e à Secretaria de Educação para conseguir mais informações sobre os projetos para que pudéssemos fazer uma melhor análise. Foi assim sobre a unidade de tratamento de resíduos de saúde na Restinga-, relata, referindo-se à unidade que foi instalada em fevereiro de 2004 na Vila Restinga, em Porto Alegre, destinada a tratar rejeitos, incluindo hospitalares.
Por Patrícia Benvenuti.

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