Cientistas questionam efeitos de produtos nanotecnológicos para a saúde
2005-12-21
Prendedores resistentes a manchas, bolas de tênis mais robustas, creme bronzeador transparente ao invés de branco: tudo isto tem algo em comum: a nanotecnologia. Há alguns anos, os cientistas estão manipulando a matéria em nível molecular, o que tem possibilitado a melhoria de centenas de produtos para uso cotidiano. Eles prometem avanços revolucionários na medicina e em outras áreas, graças a esta tecnologia incipiente, que atrai bilhões de dólares em investimentos.
Contudo, pouco se sabe a respeito dos efeitos dos produtos nanotecnológicos sobre a saúde humana e sobre o meio ambiente. As partículas nanotecnológicas, com poucos átomos de espessura, são capazes de penetrar facilmente no cérebro, no pulmão e em outros órgãos.
Os governos e o setor empresarial começaram a financiar essas pesquisas com milhões de dólares, mas, segundo alguns cientistas, tais cifras estão longe de ser suficientes para determinar se os nanomateriais representam perigo à saúde humana.
Michael Crichton, o popular autor de Jurassic Park, escreveu a novela Prey, na qual um conjunto de nanomáquinas escapa de um laboratório e ameaça avassalar a humanidade. Os cientistas crêem que a ameaça potencial dos nanomateriais tem a ver mais com a vida cotidiana do que com a novela de ficção científica.
Certos estudos demostraram que algumas das nanopartículas de carbono mais promissoras podem ser tóxicas para as células animais. Teme-se que o contato com as mesmas possa causar problemas respiratórios, como ocorre com outras partículas ultrafinas. Também teme-se que a inalação de nanopartículas afete as células do cérebro ou que as partículas nanotubulares, em contato com a pele, afetem o DNA (código genético).
São ainda desconhecidos os riscos para os consumidores e para o meio ambiente. –Nada se sabe, este é o problema–, assinala Pat Roy Mooney, diretor-executivo do ETC Group, organização com sede em Ottawa, no Canadá, que estuda os efeitos da tecnologia sobre as pessoas e o meio ambiente. O grupo de Mooney diz que produtos como bronzeadores, que o organismo absorve diretamente, devem ser retirados de venda até que se realizem mais estudos. (Clarín, 20/12)