Mato Grosso do Sul terá usina de biodiesel no prazo de quatro anos
2005-12-21
Mato Grosso do Sul deverá se somar, a médio prazo, aos produtores de
combustíveis alternativos. Em até quatro anos, o Estado pode abrigar sua
primeira usina de produção de biodiesel, substituto natural do óleo diesel. As
potencialidades técnica e econômica para instalação da usina serão analisadas
pela Petrobras até o segundo semestre de 2006, conforme previsto em protocolo de
intenções, firmado entre a estatal e o Governo do Estado na manhã de
segunda-feira (19/12) na Governadoria. O protocolo foi assinado, entre outras
autoridades, pelo gerente-executivo do Desenvolvimento Energético da Petrobras,
Paulo Kazuo Tamura Amemiya, e pelo vice-governador Egon Krakhecke.
Por determinação legal, o Brasil deve fomentar o uso de biodiesel em sua matriz
energética, aumentando gradativamente sua participação no mercado interno. De
acordo com a Lei nº11.097/05, que criou o Programa Nacional de Biodiesel, até
janeiro de 2008, este combustível deverá, obrigatoriamente, corresponder a 2% –
equivalente a 860 milhões de litros por ano – de todo o diesel consumido no País.
A lei estabelece, ainda, outro marco: até 2013, a participação do biodiesel deve
aumentar para 5%, o que equivale a 2,5 bilhões de litros do produto.
O protocolo assinado ontem garante o ingresso de Mato Grosso do Sul no rol dos
Estados que permitirão a concretização das prerrogativas da lei do biodiesel.
Segundo Paulo Kazuo, a Petrobras iniciou o diálogo com o Governo estadual sobre
a produção de combustível natural há cerca de um ano. – Hoje estamos
oficializando o repasse de informações a respeito das potencialidades de Mato
Grosso do Sul-, definiu Kazuo na solenidade. Tais informações servirão de
matéria-prima para o estudo de viabilidade técnica e econômica a ser realizado
pela estatal, com previsão para término no segundo semestre do ano que vem.
O biodiesel deverá otimizar o setor agrícola do Estado. Mesmo sem precisar o
incremento, Amemiya afirma que a produção de grãos deverá aumentar
significativamente por necessidade de consumo da futura usina. – Com a melhoria
da tecnologia, haverá um grande avanço na produtividade de grãos no Estado e,
por conseqüência, aumento da produção-, explica. Além disso, conforme o gerente,
o processamento do biodiesel impulsionará a diversidade agrícola do Estado – o
combustível será produzido a partir da soja, mamona, algodão, girassol, amendoim
e outras oleaginosas.
Com a usina de biodiesel, Mato Grosso do Sul pode se tornar um grande fornecedor
do produto, de acordo com Paulo Kazuo. Ele explica que, em razão de sua
localização geográfica, o Estado é um fornecedor potencial do combustível
alternativo para São Paulo – especificamente, Campinas, o maior consumidor
nacional – e para os países do cone sul.
Na mesma solenidade, o Governo assinou com a Companhia de Gás de Mato Grosso do
Sul (MS Gás) e a Fundação de Apoio a Universidade de São Paulo (Fusp) acordo de
cooperação mútua a fim de realizar balanço energético do Estado. O levantamento
visa a auxiliar a Petrobras em seu estudo sobre a capacidade de Mato Grosso do
Sul.
Auto-suficiência
Além da preocupação ambiental, o programa de biodiesel tem motivações econômicas.
Conforme Paulo Kazuo, o Brasil busca independência do mercado internacional de
petróleo. – O Brasil já está perto dessa independência, tanto é que, neste ano,
não foi muito afetado pelas variações de preços do barril de petróleo-, alega.
Segundo ele, em janeiro próximo, o Governo federal deve anunciar a
auto-suficiência do petróleo. (Correio do Estado, 20/12)