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2005-12-21
No inicio de 2004, biólogos descobriram um novo fenômeno no lago de Maracaibo, local de 60% da produção de petróleo venezuelana: a proliferação, em níveis nunca antes vistos no mundo, de lentilhas d água (lemna minor). — Ela se desenvolve em lugares onde há muitos nutrientes e em águas salobras. Ainda estamos estudando isso, mas sabemos que há diversas razões. Foi uma confluência de várias condições que nunca haviam acontecido ao mesmo tempo -, diz o chefe da divisão de Qualidade de Água do Instituto para a Conservação da Bacia do Lago de Maracaibo (Iclam), Federico Troncone.

A presença das plantas é um indicador de eutrofização, isto é, o aumento de matéria orgânica no ecossistema do lago, que pode ter efeitos nocivos. — A alga não é tóxica, mas produz problemas para os pescadores. Quando chega perto da costa, se deposita nas praias e se decompõe, causando mau cheiro e risco de doenças.

O agravamento do problema da lentilha d água, em julho de 2004, gerou até uma manifestação do comandante da revolução bolivariana. Chávez prometeu salvar o lago, e desde então vem anunciando medidas para reverter a sua degradação. — O presidente Hugo Chávez Frias é amigo do meio ambiente e preocupado com os lagos principias da Venezuela -, elogia o presidente do Iclam, Gerardo Aldana.

Dois grandes investimentos compõem a política governamental de recuperação da bacia. A primeira é a construção de um porto multimodal fora do lago, no golfo da Venezuela, antes do estreito de Maracaibo. O nome não poderia ser outro: Puerto Bolívar. Através dele, se abastecerão os navios com o petróleo, gás e carvão extraídos da região. A produção será levada até lá via terrestre e por tubulações, evitando o ingresso de embarcações grandes no interior do lago. Atualmente, a movimentação é feita através do Porto Miranda, em Maracaibo.

A construção, prevista para iniciar em 2006 e ser concluída em até cinco anos, permitirá a diminuição do calado do canal de navegação. — Vamos rechear o canal, colocá-lo novamente em 5 metros, próximo da profundidade original, antes da intervenção do homem. Assim se pararia a intrusão salina -, afirma Aldana.

A segunda ação é a construção de cinco plantas de tratamento de água para tratar os resíduos ainda despejados in natura no lago. São elas: Sul, Cabimas e Ciudad Ojeda, com capacidade de processar 800 litros por segundo cada uma; o Projeto RAS (Reutilização de Água Servida), com capacidade de 600 litros por segundo; e Norte, que trata 400 litros por segundo. Todas devem estar prontas até 2012, de acordo com Aldana.

O presidente do Iclam avalia que as iniciativas farão com que o lago retroceda em termos de poluição. — A contaminação possui quatro etapas, e estamos na última, que chamamos fertilizado. Significa que o lago está rico em nutrientes nitrógenos, e que aqui pode crescer qualquer planta aquática, como a lentilha d água. O objetivo do plano é esse, ir retrocedendo -, garante. — Com a redução salina e o tratamento de esgoto, provavelmente em 20 anos o lago estará recuperado -, aposta.
Por Eduardo Lorea, de Maracaibo.

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