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2005-12-20
O aparecimento de um filhote de tartaruga marinha da espécie Caretta caretta no litoral norte do Rio Grande do Sul surpreendeu cientistas brasileiros, argentinos e uruguaios.

O motivo é simples: pelo que se sabe, as tartarugas nascem nas praias e depois desaparecem por longo período no oceano. Somente adultas retornam à costa. O sumiço é tão característico que tem até nome. É conhecido internacionalmente como ano perdido (lost year), uma fase incógnita em seu ciclo de vida.

No final de novembro, o filhotão de tartaruga-cabeçuda que você vê aí em cima, medindo 18cm e pesando 750g, apareceu entre as vizinhas praias de Tramandaí e Imbé, a cerca de 120km de Porto Alegre. Em sua fase adulta, a espécie atinge 150kg e chega a um metro e meio. – Essas tartarugas desovam nas praias entre os meses de setembro e março, do Maranhão ao Rio de Janeiro. Aqui não há desovas. Elas só aparecem adultas para se alimentar-, explica Márcio Borges Martins, biólogo do Museu de Ciências Naturais do Rio Grande do Sul.

Poderia ser apenas o acaso de um filhote perdido no mar. Mas ele não foi o único. Desde 2000, é o quarto registro de tartaruguinhas no litoral norte gaúcho. Em 2003, outro fenômeno inédito foi registrado: a única desova de que se tem notícia no estado. Havia 143 ovos e nasceram 53 filhotes. Martins estava em férias em Arroio do Sal quando o ninho foi descoberto. Ele fotografou o desenvolvimento dos embriões até o nascimento.

– Quando o primeiro filhote apareceu na praia em 2000, não demos muita importância porque achávamos que seria um caso esporádico. Mas a partir de tantas incidências, e pelo fato de estarmos tão distantes das áreas de reprodução, ficamos impressionados. Até porque fazemos pesquisas sistemáticas nas praias desde 1994, durante todos os meses-, relata Márcio Martins.

A incidência de filhotes no estado pode ajudar a desvendar mistérios sobre as rotas migratórias e esclarecer detalhes sobre seu ciclo de vida. Segundo o biólogo, a expressão ano perdido não é exata. – Às vezes, elas podem ficar uma década no oceano, sem se aproximarem da praia-.

Ainda é cedo para tirar conclusões. A novidade não foi divulgada em revistas especializadas, mas calhou de acontecer a tempo de ser apresentada à comunidade científica em duas oportunidades. No Congresso Brasileiro de Herpetologia, em Belo Horizonte, e no Encontro de Especialistas em Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental, na praia gaúcha do Cassino, em Rio Grande.

– Essa é uma reunião anual de especialistas brasileiros, argentinos e uruguaios. O filhote de tartaruga cabeçuda apareceu bem na época em que estávamos reunidos, agora em novembro. Todos ficamos impressionados-, conta Sue Bridi Nakashima, bióloga do Centro de Estudos Costeiros Limnológicos e Marinhos da UFRGS (Ceclimar).

Márcio Martins também fez contato com pesquisadores do Projeto Tamar, do Ibama, que devem visitar o Rio Grande do Sul para um trabalho conjunto com instituições do estado. Desde 1994, Márcio Martins faz parte de uma equipe que pesquisa as tartarugas, em parceria com a PUC, o Ceclimar e a ONG Gemars, monitorando praticamente toda a costa gaúcha, de Torres a Mostardas.

O Projeto Tamar foi criado pelo Ibama em 1980, para a proteção das tartarugas marinhas, já acompanhou o desenvolvimento e soltou 7 milhões de filhotes no mar. Tem 21 bases no país. A mais recente foi criada em abril deste ano, em Florianópolis, estado onde, como o Rio Grande do Sul, não ocorre reprodução mas é importante para a alimentação desses animais. No Brasil, vivem cinco das sete espécies de tartarugas marinhas existentes no mundo.

Sue Nakashima explica que a espécie do filhote encontrado em novembro é conhecida como cabeçuda porque elas têm o crânio grande e a mandíbula forte para quebrar carapaças de suas presas. Alimentam-se de moluscos, crustáceos e peixes. A cabeçuda está classificada internacionalmente como em perigo de extinção. As tartarugas fêmeas levam de 15 a 30 anos para estarem prontas para reprodução.

Todas as tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil estão protegidas por leis federais e acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário. As cinco espécies que aparecem no Rio Grande do Sul estão incluídas na lista brasileira de espécies ameaçadas de extinção. A tartaruga-de-couro ( Dermochelys coriacea ), a cabeçuda e a tartaruga-verde ( Chelonia mydas ) são mais freqüentes no estado. A tartaruga-de-pente ( Eretmochelys imbricata) e tartaruga-oliva ( Lepidochelys olivacea ) são mais raras.

Segundo o Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Rio Grande do Sul (Editora PUC 2003), devido ao comportamento migratório desses animais em oceanos de todo o mundo, é difícil avaliar criteriosamente a magnitude das ameaças à sua sobrevivência em escala regional . O livro cita a carência de informações históricas e recentes sobre as populações dessas espécies e de estimativas sobre mortalidade relacionada à pesca, especialmente em áreas de alimentação do sul do Brasil. (Cristina Ávila, O Eco, 17/12)

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